A crise política que tomou conta do Club Sportivo Sergipe nas últimas semanas escancarou disputas históricas entre grupos internos. A apuração do Portal Fan F1 revela bastidores que ajudam a entender as motivações da instabilidade recente, desde divergências sobre a gestão financeira até o embate pelo controle do clube, que tem travado decisões estratégicas, incluindo o avanço das discussões sobre a Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Reprovação das contas de 2021 no Conselho Deliberativo
Em diálogo com conselheiros, tivemos a informação de que a reprovação das contas referente ao exercício financeiro de 2021, ou seja, gestão de Ernan Sena, à época presidente do clube, tenha sido, para um grupo político, motivada por falta de documentos comprobatórios de algumas despesas, já para outro grupo, tenha sido puramente por pressão política.
Procurado pela Fan F1 para responder sobre essas acusações, Ernan Sena foi enfático ao afirmar: “O que houve foi uma reprovação por política”. E ainda, justificou: “O parecer do conselho fiscal foi favorável à aprovação. Não há falta de documentos”, disse.
Para ter uma posição oficial, procuramos o presidente do Conselho Fiscal, Elton Coelho, para confirmar as informações e detalhar o que ocorreu.
Ele aponta que, de fato, houve diligências, todas feitas pelo referido órgão, mas atendidas totalmente pelo ex-mandatário.
“Todos os documentos que estavam faltando foram apresentados pelo ex-presidente Ernan Sena e um conselheiro, que inclusive havia emprestado R$ 250 mil ao clube e recebeu em suaves prestações. Foram apresentados extratos bancários e recibos da época, ficando apenas um último recibo, pagamento, que foi quitado e apresentado em 11 de janeiro de 2022”, explicou.
Elton ainda revela como é a vivência administrativa do clube.
“Todas as despesas são compatíveis com o exercício do clube em 2021, contas que foram administradas através da associação Gigante Rubro, salvo engano, pois as contas oficiais do clube estavam bloqueadas judicialmente. Ou seja, qualquer dinheiro que entrasse, era resgatado pela justiça, daí a manobra da diretoria para tocar o clube de forma paralela e pagar todos os gastos, desde a alimentação aos jogadores” relatou.
Ele reafirma o parecer dado pelo Conselho Fiscal e se posiciona sobre o que ocorreu na reprovação no Conselho Deliberativo.
“Não há incompatibilidade nas contas, não há desvio de finalidade, não houve corrupção. A não aprovação das contas é mais um atraso ao clube, que não se moderniza, não avança, dificulta parcerias, inclusive possibilidades de SAF. As contas foram aprovadas por maioria de votos no Conselho Fiscal em setembro e rejeitadas por 16×13 no Conselho Deliberativo” finalizou.
Proposta da SAF e Reprovação na Comissão da Reforma do Estatuto
Quando Clóvis Barbosa assumiu o clube, em julho deste ano, uma das alternativas para a saída dessa fase ruim financeiramente do Sergipe era a transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
O mandatário chegou a revelar publicamente em uma entrevista de um podcast em que afirma ter recebido empresários interessados em investir no clube.
“Três empresários demonstraram interesse em transformar o Sergipe em SAF, e eu cheguei a dizer a um deles que, se adiantasse R$ 1 milhão, trabalharia para que ele ficasse com a SAF. Ele respondeu que viajaria para a Europa e que conversaríamos quando voltasse. Mas no Sergipe nada é para ontem, é sempre para antes de ontem”, disse Clóvis à época.
Em outubro, incentivado por essas informações e puxado pelo próprio presidente, houve uma reunião da Comissão da Reforma do Estatuto, em que analisaria o texto para mudar o Estatuto do clube para seguir os trâmites, que seria apresentar a proposta ao Conselho Deliberativo e, com aprovação, encaminhar para os sócios decidirem na Assembleia Geral.
A deliberação na comissão foi pela rejeição do texto, que, segundo fontes seguras, faltava mais detalhes da proposta dessas empresas e como seria o modelo.
Mas, segundo um outro conselheiro, o que ocorreu foi o fator idade. A paciência do nobre advogado estaria pequena, por conta de seu currículo tão gabaritado e alta credibilidade, haveria facilidades na forma de entendimento dos trâmites para agilizar esse processo.
O Fan F1 tentou, por três vezes, contato com o ex-presidente Clóvis Barbosa para se pronunciar e não teve retorno.
Renúncia de Clóvis Barbosa e Márcio Garcez
No dia seguinte à reprovação da comissão da Reforma do Estatuto, Clóvis entregou o cargo de presidente e de conselheiro, noticiado, com exclusividade, pelo Portal Fan F1.
A renúncia de Barbosa passa por esses fatores elencados na matéria.
Já o vice, Márcio Garcez, confirmou que a renúncia se deu porque está, com sua esposa, cuidando de um bebê, por conta disso demandando maior tempo e disponibilidade nessa fase
Retorno dos conselheiros
Na noite em que deliberou os novos mandatários do clube, com a eleição de Moisés e Roberto, ficou deliberado que os conselheiros que renunciaram ao longo desse triênio 2025-2027, foi aprovado pelos pares que eles teriam a oportunidade de retornar ao conselho deliberativo com um prazo estipulado até o dia 11 de novembro, próxima terça-feira.
Durante a eleição, havia o registro da renúncia de 8 conselheiros, ou seja, de 60 pessoas, 52 faziam a composição do Conselho Deliberativo.
Eleição de Moisés Santana e Roberto Vasconcelos
Na última quinta-feira, 30, o Conselho elegeu, de forma indireta e por aclamação, Moisés Santana e Roberto Vasconcelos.










