Nos bastidores da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), a Secretaria de Comunicação tem se mostrado um setor com alta capacidade de gerar polêmicas, conflitos e ruídos. Um paradoxo para uma pasta cuja principal missão deveria ser a clareza e a eficiência na informação.
É necessário lembrar que o nome escolhido para a Comunicação construiu sua trajetória como um eficiente comunicador. Ricardo Marques foi um dos poucos que soube usar a habilidade de se comunicar para se projetar na política, especialmente durante seu mandato como opositor de Edvaldo Nogueira. Não por acaso, foi alçado à candidatura de vice-prefeito. É um personagem que não precisa de ajuda, ele tem estofo e conteúdos.
Ao ser anunciado como secretário, Ricardo Marques sabia que fazia ali a escolha mais difícil de sua ainda curta carreira política. Na oposição, pôde usar as redes sociais com liberdade e firmeza. Como secretário, já não poderia manter a mesma postura. Tinha plena consciência dessa limitação. Mesmo assim, “em nome do projeto”, aceitou o convite de Emília. A convivência que poderia ser apenas virtuosa passou, nos últimos meses, a ser questionada e apontada como palco de uma “fritura” pública do secretário.
Observa-se que, como titular da pasta, Ricardo não assumiu protagonismo. Não é “a voz” em defesa da gestão e opta por aparecer pouco. Dizem que essa postura seria uma orientação para evitar conflitos de imagem com a prefeita Emília Corrêa.
Recentemente, vazaram como fato negativo a sua retirada de conselhos nos quais o vice-prefeito teria atuação remunerada. Qual seria o objetivo? Passar a impressão de que buscava vantagens pessoais? Colocá-lo em contradição com o grupo e com os eleitores? A opção de Ricardo por uma postura mais discreta tem lhe custado caro.
Nas últimas semanas, ele voltou às redes sociais, talvez ao perceber o prejuízo político causado pelo ostracismo do gabinete da Secom. Ricardo tem sido alvo de críticas, e sua fuga dos holofotes não tem servido para amenizar eventuais crises com a prefeita Emília. Eventuais? Sim, é preciso o benefício da dúvida. Elas existem? Podemos supor que a leitura dos fatos como “crises” não passe de elucubrações de uma mente contaminada por teorias conspiratórias.
Mas, olhando a vida como ela é e nos prendendo aos fatos, podemos registrar duas situações inusitadas que marcaram o fim de abril: uma denúncia registrada em boletim de ocorrência pelo radialista Genilson Kenedy contra a secretária-adjunta de Comunicação, Gleice Queiroz; e a chegada do radialista Carlos Ferreira para a função de porta-voz.
Sobre o BO, os envolvidos optaram pelo silêncio. Genilson argumentou que aguardaria uma conversa com Emília e com o secretário de Governo, Itamar Santana. Gleice foi prudente e demonstrou a maturidade de quem sabe que não é boa escolha expor ainda mais a Secom. Ricardo, como líder, não se posicionou. Pode até ter atuado internamente, mas a ausência de manifestação pública lhe custou críticas em diversos setores da gestão.
E quanto à chegada de Carlos Ferreira? Aí há, de fato, “algo estranho no ar”. Emília estava no Canadá quando a nomeação de Carlos viralizou nas redes sociais. Com uma remuneração de peso, ele chegou com status quase de secretário. Ao menos, foi assim que o anúncio repercutiu.
Ontem, por meio de um vídeo em sua página no Instagram, a prefeita apresentou Carlos Ferreira. No vídeo, estavam apenas os dois. E o secretário de Comunicação?
O anúncio foi feito sem a presença de Ricardo Marques. Estranho, não? Como é que o comandante da Comunicação não participa da escolha, ou ao menos do anúncio, de uma função tão delicada e estratégica em sua pasta?
Se perguntarem a Ricardo se há algo errado nesses fatos e contextos, ele certamente responderá que não passam de ilações ou mal-entendidos. Tudo para, como sempre, manter sua fidelidade à prefeita Emília. Até quando?
NOTAS DA SEMANA
Função de Porta-voz
A missão de um porta-voz é a de representação oficial. As falas e posições de um profissional que exerce essa função recaem diretamente sobre a pessoa ou instituição que representa. Quando um porta-voz emite opiniões ou posicionamentos, estes não são vistos como fatos isolados. O porta-voz tem a prerrogativa de “falar por”.
Função de Porta-voz II
Fazia tempo que a Prefeitura Municipal de Aracaju não optava por um profissional designado como porta-voz oficial. Aliás, não se tem registro de quando foi a última vez. Nas duas últimas gestões de Edvaldo Nogueira, cada secretaria delegava aos seus assessores de imprensa a responsabilidade de responder às demandas e apresentar as posições dos respectivos órgãos. Quando surgiam questões mais amplas ou delicadas, Elton Coelho — que atuou como diretor e, por um período, como secretário — era acionado.
Função de Porta-voz III
Diante da novidade da função, cabe ressaltar que, pelo perfil exigido, o profissional escolhido deve ter mais do que a capacidade de ser um bom defensor, um “zagueiro”. O porta-voz precisa ter habilidade de diálogo e cuidado para não expor o representado a polêmicas. Tudo o que um porta-voz não pode fazer é gerar polêmicas para quem representa.
Retirando fios
A prefeita Emília Corrêa comemorou, neste sábado, a iniciativa de sua gestão em resolver um sério problema de Aracaju: a forma desorganizada como fios e cabos são expostos na cidade. Segundo Emília, diálogo e ação firme foram essenciais para o início desse processo. Fica a expectativa de que o trabalho tenha continuidade. Parabéns!
Espera muito da Iguá
O governador Fábio Mitidieri foi preciso ao resumir, em uma frase durante entrevista, a expectativa dos sergipanos em relação à Iguá, que assumiu em definitivo, no último dia 1º, a distribuição de água e a captação de esgoto: “Sergipe espera muito da Iguá”. Esperamos que a empresa tenha a exata noção disso.
Espera muito da Iguá II
Fábio também foi claro ao pedir “paciência” à população, afinal, os problemas não serão resolvidos como em um passe de mágica. O governador destacou o volume de investimentos já iniciados e os que estão previstos, em escala, para os próximos cinco anos.
Comunicação da Iguá
A empresa não atuará como a Deso, com um profissional de imprensa para responder demandas da população na imprensa. A empresa tem um Instagram – @iguasergipeoficial – através do qual tem repassado orientações.
Atendimento da Iguá
A Iguá Sergipe também oferece atendimento pelo número 0800 400 4482 (ligação e WhatsApp), e mais de 78 pontos físicos em todo o estado. As orientações para cadastro e uso da plataforma estão disponíveis em www.digiigua.igua.com.br. Já a partir do mês de junho, as faturas com a marca Iguá começarão a ser emitidas.
Aplicativo Digi Iguá
Uma das orientações é que o usuário baixe o aplicativo Digi Iguá, ele facilmente pode ser encontrado na loja de aplicativos do celular. A plataforma parece ser descomplicada. O cadastro é fácil e rápido pelo CPF. Nele, se encontram todas as informações e serviços.
Problemas da Iguá
No site Reclame Aqui, portal bastante acessado por consumidores para registrar queixas contra empresas, é possível perceber que, mesmo respondendo às demandas apresentadas, o nível de insatisfação com a Iguá é elevado. Os principais problemas giram em torno de cobranças indevidas e desabastecimento não resolvido. Tomara que em Sergipe não seja assim.
Deso segue importante
A Deso continua sendo fundamental para Sergipe. É importante lembrar que a captação e o tratamento do esgoto permanecem sob responsabilidade da estatal. Se houver interrupção na captação, haverá problemas na distribuição, o que impactará diretamente o serviço prestado pela Iguá. Se o esgoto não for tratado com eficiência, sofreremos consequências ambientais. Por isso, nós, sergipanos, devemos estar atentos à necessária integração entre as duas empresas. Estamos de olho!
Iolanda governadora
Até o próximo dia 10, Sergipe será governado pela desembargadora Iolanda Guimarães. Fábio Mitidieri, Zezinho Sobral e Jeferson Andrade estão em viagem internacional, mais precisamente em Houston, nos Estados Unidos. Durante a solenidade de transmissão de cargo, a governadora em exercício prometeu dar continuidade à pauta governamental de Fábio e enalteceu a importância das mulheres no exercício do poder.
Sétima governadora
A desembargadora Iolanda Guimarães tornou-se a sétima mulher a exercer a função de governadora em exercício em Sergipe. Antes dela, tiveram essa oportunidade a também desembargadora Clara Leite de Resende, a então vice-governadora Marília Mandarino, a desembargadora Marilza Maynard, a deputada Angélica Guimarães, a ex-vice governadora Eliane Aquino e a desembargadora Célia Pinheiro.
TJ e Governo
A harmonia entre os Três Poderes tem se destacado em Sergipe nos últimos anos. Esta é a segunda vez que um desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) assume interinamente o cargo de chefe do Executivo estadual, enquanto o governador Fábio Mitidieri cumpre agenda no exterior. Além de Iolanda Guimarães, em 2023, o então presidente do TJSE, Ricardo Múcio, já havia ocupado o mesmo posto, também durante agenda oficial do governador Mitidieri fora do país.
Ventos femininos
Já há quem diga que a chegada de Iolanda Guimarães é sinal de novos ventos na política sergipana. Sergipe nunca elegeu uma mulher governadora. A capital, Aracaju, só após 169 anos de existência, elegeu uma mulher prefeita. Será que, em breve, os sergipanos também optarão por uma mulher para o governo do Estado? Para 2026, parece que esse tempo ainda não chegou. Parece…
2022 e 2024 foi de avanços para as mulheres
Na eleição de 2022, as mulheres romperam a histórica ausência na Câmara Federal por Sergipe, elegendo duas deputadas: Yandra Moura e Katarina Feitoza. Sendo Yandra a mais votada, com votação histórica. Na Alese, a representação feminina caiu de seis para cinco cadeiras. No entanto, voltou a ser de seis este ano, com a posse de Kitty Lima, que assumiu o mandato em substituição a Samuel Carvalho.
Edvaldo sem vetos
“Quem veta quer ser vetado.” Com essa frase, Edvaldo Nogueira afirmou, em entrevista, que não tem restrições a nenhum dos nomes colocados como pré-candidatos ao Senado. A declaração foi dada na última sexta-feira, durante a posse da desembargadora Iolanda Guimarães como governadora em exercício.
Edvaldo se sente preparado
O prefeito Edvaldo Nogueira está, de fato, empenhado em elevar o nível do debate na disputa pelo Senado? A pergunta é pertinente, pois todos sabem que, em uma eleição, Edvaldo costuma apontar com contundência as incoerências de seus adversários. Na entrevista da última sexta-feira, ele afirmou que o parâmetro de sua pré-campanha será o argumento de que “está preparado”, destacou ainda que “tem rodagem” e que esse será o foco de seu diálogo com a sociedade. Se será mesmo assim, é algo que precisaremos ver para crer.
Pesquisas para o Senado
Nesta semana, duas pesquisas foram divulgadas com diferentes cenários para a disputa ao Senado. O Instituto França apontou vantagem para Edvaldo Nogueira e Alessandro Vieira, tanto no primeiro quanto no segundo voto, ambos aparecem na liderança, com certa folga para o ex-prefeito de Aracaju.
Pesquisas para o Senado II
Já o instituto Vox Pesquisas divulgou um levantamento no qual foi feita apenas uma pergunta direta sobre a preferência para o Senado. Nesse cenário, André Moura aparece na liderança com folga, seguido por Eduardo Amorim, Rodrigo Valadares, Edvaldo Nogueira e Rogério Carvalho. Estes quatro tecnicamente empatados dentro da margem de erro, que foi de 2,9%.
Pesquisas para o Senado III
O fato é que 2026 promete uma disputa acirradíssima pelo Senado, possivelmente a mais disputada da história de Sergipe. O cenário é incerto e reúne diversos nomes qualificados, todos com chances reais de vitória.
Alessandro e Rogério poderiam estar melhor
Levando em consideração que um senador tem mandato de oito anos, qualquer um que esteja no exercício do cargo parte com certa vantagem sobre os adversários, especialmente pelo volume de recursos que pode destinar ao estado que representa.
Alessandro e Rogério poderiam estar melhor II
Outro dado importante é que, nesse intervalo de oito anos, os senadores participam de outras eleições — duas municipais e uma estadual —, oportunidades estratégicas para ampliar a base eleitoral e fortalecer o grupo político. Todos esses fatores, somados, deveriam representar uma vantagem para Rogério e Alessandro. No entanto, isso não vem sendo refletido nas pesquisas.
PT e a incoerência das dívidas
A dívida questionada por uma empresa desde 2014 contra o senador Rogério Carvalho e o PT expõe uma incoerência no discurso do partido. Uma agremiação que tem, na ponta da língua, a defesa da moralidade e da ética não deveria estar em uma disputa judicial para pagar o que deve. Ao contrário, deveria dar o exemplo. Afinal, quem administra mal suas próprias contas, tende também a gerir mal os recursos públicos. Ou será que não?
PT e a incoerência das dívidas II
Recentemente, uma dívida trabalhista com uma ex-funcionária só foi resolvida após denúncia no Jornal da Fan. A ex-secretária da agremiação precisou acionar a Justiça para receber pelo período trabalhado. A direção do partido já não atendia mais suas ligações. Ela esperou quase um ano até decidir tornar o caso público. Denunciou e, só então, recebeu o que lhe era de direito.
Denúncia no Jornal da Fan
No início de abril, o Jornal da Fan foi o primeiro programa do radiojornalismo sergipano a divulgar a decisão judicial que embargou uma obra pertencente a uma rede de atacados, em um terreno da família do senador Rogério Carvalho, no município de Lagarto. Após a denúncia, o programa também ouviu a defesa do senador. O Jornal da Fan segue acompanhando o caso, que ainda não teve acordo e pode trazer novidades a qualquer momento.
Cadê a CPI?
Será que a Câmara Municipal de Aracaju entrará para a história por abortar uma CPI sem argumentos técnicos e jurídicos? Na prática, pode ser que a proposta realmente não tenha lastro jurídico. Mas silenciar e não se posicionar seria uma contradição na trajetória do presidente Ricardo Vasconcelos.
Novidade no Jornal da Fan
O Jornal da Fan passa por mudanças neste mês de maio. São novidades que tornarão o programa ainda mais qualificado e dinâmico. Os anúncios serão feitos no programa da próxima terça-feira.
