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“Foi um estelionato com o povo brasileiro”, diz líder dos motoristas de aplicativo
Da redação
11/05/2023
Na manhã desta quinta-feira, 11, o Jornal da Fan entrevistou o presidente da Associação dos Motoristas Autônomos por Aplicativo (Asmaa), Josean dos Santos, que falou sobre a paralização marcada pelos profissionais da categoria para a próxima segunda-feira, 15.
Segundo Josean, os motoristas estão atravessando dificuldades e, em alguns casos, até mesmo pagando para trabalhar, visto que o ganho com as corridas, muitas vezes, mal cobre os custos com combustível e manutenção dos veículos.
“A finalidade dessa paralização é exigir das empresas melhores condições de trabalho. Lutamos por um valor mínimo de R$ 10 por corrida e que seja cobrado o valor de R$ 2 por quilômetro rodado, uma forma que encontramos para que o motorista consiga, ao menos, sobreviver dignamente. Está difícil ser motorista de aplicativo no Brasil. Essas empresas de fora, donas das plataformas internacionais, chegaram no Brasil e acharam que aqui é um país sem lei e é isso o que realmente está acontecendo. Todas essas empresas que hoje comandam o mercado de mobilidade, como a Uber, a 99 e a InDriver são de outros países e, desde que chegaram aqui, atuam sem a fiscalização dos órgãos de controle, do Município, do Estado, ou da União e até mesmo da Justiça do Trabalho. É inadmissível o que está acontecendo, uma escravidão velada, que acontece aos olhos da sociedade. É inadmissível um motorista trabalhar 12 horas por dia para só conseguir trazer a comida para a mesa, porque não consegue pagar as contas, a manutenção do veículo ou um seguro para o automóvel”, reclama o motorista.
Josean revelou que a tarifa básica é de R$ 5,79 e que os valores pagos pelos passageiros sofrem descontos de 25% a 60%. Ele ressalta que, no início, a possibilidade de ser um “motorista empreendedor”, ideia vendida pelas empresas de aplicativo quando chegaram ao Brasil, pareceu ser algo muito atraente e promissor para muitos motoristas. Hoje, anos depois, a realidade e o sentimento são outros. A categoria se sente enganada, vítima de um golpe.
“No início, tudo é flores. A Uber e o seu serviço são uma enganação à sociedade brasileira. Prometeu ganhos reais, como no início, naqueles primeiros seis meses, tinha condições. Todo mundo queria ser motorista de aplicativo. Isso é um estelionato com o povo brasileiro. Uma enganação, que sempre foi e continua sendo acobertada, até hoje, pelo poder público, que não faz o seu papel. Poucos municípios regulamentaram a atividade, pois, poderiam, em comum acordo, com sua fiscalização, chegar a um termo real. Ministério do Trabalho, nada faz. Justiça do Trabalho, não fiscaliza. O Governo Federal está nesse impasse até hoje por uma regulamentação e até hoje a atividade não é regulamentada. Quando algo é feito, ao invés de chamarem os motoristas, as associações locais ou os sindicatos que estão no dia-a-dia para participarem do processo, chamam as empresas de mobilidade e as centrais. Mas esses dirigentes não são motoristas. Não sabem a dor dos motoristas”, desabafa.