“A informação desperta o olhar para a diversidade”, afirma neuropsicóloga sobre inclusão de pessoas com TEA

Em entrevista concedida ao Jornal da Fan, da rádio Fan Fm, na manhã desta terça-feira, a Psicóloga e Neuropsicóloga, Emanuelle Mota falou sobre características, diagnóstico, apoio familiar e sinais do Transtorno do espectro autista (TEA).

A psicóloga iniciou a discussão falando sobre a importância de que a sociedade tenha informações que possibilitem um olhar mais inclusivo: “A informação, ela é imprescindível para que a gente possa despertar o olhar para a diversidade. A humanidade é diversa, então […] as pessoas, elas têm características diversas, funcionamentos diversos e que elas precisam ser respeitadas na sua individualidade”, afirmou.

Em outro momento da conversa, Emanuelle reforçou que o autismo não incapacita o sujeito, o que acontece é um funcionamento neural diferente e que: “Não existe um autismo. A gente fala que são autismos, né? É um espectro que tem variadas características…”, explicou.

Além disso, destacou que uma criança pode apresentar uma particularidade enquanto a outra não, mas existem critérios para o diagnóstico do TEA: “Rigidez cognitiva e a dificuldade de socialização. O comprometimento da cognição social”, que são os aspectos mais marcantes no espectro.

A psicóloga também abordou os equívocos comuns na percepção do comportamento autista, especialmente quando crises são interpretadas como birra. “[Autista] não tem rosto, não é birra. Na verdade, quando os autistas têm alguma crise, é geralmente por excesso de estímulo sensorial ou algum fator estressor […] Então, eles entram em crise. E saber disso é importante para que a sociedade não interprete esse fato como birra ou como má-criação ou como uma criança mimada. É uma característica, no transtorno, eles precisam daquela crise para conseguir se autorregular”, declarou.

Falando sobre o papel do adulto nesses momentos, Emanuelle enfatizou: “A calma do adulto é importante porque é um fator modulador. O adulto é um espelho para a criança”.

Na oportunidade, Emanuelle reforçou a importância de acolher os pais, o que consequentemente leva a um tratamento adequado: “Eu percebo uma resistência da família. Inclusive, um projeto que eu estou levando agora é orientação parental, porque no trabalho com crianças, eu percebo que, enquanto profissional, naquele momento, a gente estimula a criança nas necessidades dela, orienta os pais, mas são momentos breves, às vezes que não trazem essa amplitude de orientação. Então, eu estou com um projeto de orientação parental para esse público. E a avaliação neuropsicológica ela traz também esse olhar mais profundo, principalmente na devolutiva para os pais. Porque quando os pais entendem, eles conseguem passar essa mensagem e lutar pela causa de uma forma mais inteligente”, afirmou.

Questionado sobre como identificar os primeiros sinais de autismo, a entrevistada explicou : “Por exemplo, o bebê que ele não tem muito interesse por pessoas, ele tende a ter o interesse maior em objetos, não atende o olhar quando é chamado ou estimulado. Já são sinais. A demora na fala. Então, existem alguns marcos do desenvolvimento que quando não atingidos já despertam uma luz para identificar algum transtorno do neurodesenvolvimento”, concluiu.

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