Domingueira
Por Narcizo Machado
Colaboração: Oscar Macedo
Eles se elegeram como vereadores de oposição em 2020. Ambos têm forte diálogo com o segmento evangélico, pois são cristãos de tradição protestante. Durante quatro anos (2021 a 2024), comungaram do mesmo objetivo: derrotar o grupo e o homem que por mais tempo governaram Aracaju. E conseguiram.
Eles foram a opção de uma nova experiência para os cansados de uma mesma lógica de gestão, ou a revolução da ‘queda do sistemão’, da ‘furada da bolha’, para os radicais inocentes — ou inocentes radicais.
A psicanálise, sem sombra de dúvidas, tem vasta teoria para explicar toda essa crise. Ela não é a primeira, nem será a última da humanidade. A filosofia mostra que o conflito entre egos é, no fundo, uma disputa por identidade, reconhecimento e poder. No campo político, é o momento em que o projeto coletivo dá lugar ao projeto pessoal.
A aposta de muitos parece se concretizar. Eleito vice, Ricardo Marques parece não ter se acostumado ao papel de coadjuvante. Eleita para comandar, Emília Corrêa, como tantos outros líderes políticos de tempos longevos ou contemporâneos, parece não querer sombra, reservando os holofotes só para si.
Alguns dirão que Ricardo teria topado ser coadjuvante quando aceitou ser secretário. E o que cargas d’água ocorreu para que o plano de convivência harmoniosa não desse certo? Só eles podem nos responder com suas verdades. Nessa “guerra”, não haverá uma única verdade. A disputa por versões será eterna.
Diferente de Ricardo Marques, Emília sempre afirmou publicamente ‘para fora’ que tudo esteve bem e que Ricardo é importante para o grupo de oposição. Ricardo variou posições: ora feliz, satisfeito, motivado; ora insatisfeito e distante.
Diferente do primeiro-cavalheiro, Itamar Bezerra, Cecília Marques não foi convidada a fazer parte do primeiro escalão. Dizem que isso sempre foi um peso na relação entre Ricardo e Emília. Será?
Ricardo não só entregou a secretaria a contragosto de Emília. Ele perdeu o comando da pasta. Gleice Queiroz foi indicação da prefeita. Marques perdeu também o comando do Meio Ambiente. Emília Golzo é agora uma escolha técnica e pessoal também da prefeita, que já autorizou mudanças no staff da pasta, com exonerações de indicados por Ricardo Marques.
E para fechar a semana, em meio a toda a polêmica das indiretas, Cecília Marques ganha protagonismo no Cidadania. Soou como um recado.
Se fossem números, esses fatos poderiam ser somados: Ricardo entrega o cargo à contragosto de Emília + Cecília dispara enigmas nas redes + Emília reflete sobre Judas + perda de secretarias + ausências de Ricardo em duas importantes entregas da Prefeitura de Aracaju + Cecília, que nunca teve atuação política, ganhando protagonismo como presidente do Cidadania.
O resultado, caso aqui se tratasse de matemática, deveria ser, por óbvio, exato — (=) — rompimento iminente. Mas a política nem sempre é assim. E lembre-se que, entre o óbvio e a realidade, há fatores imponderáveis e a necessidade de sobrevivência política. Aguardemos os próximos capítulos.
NOTAS DA SEMANA
Perda do Meio Ambiente
Chega a revelação de que, mesmo antes de entregar a Comunicação, Ricardo já teria perdido o comando do Meio Ambiente. O vice-prefeito teria pedido a substituição de Emília Golzio, fato que foi prontamente negado por Emília Corrêa que não teria visto argumentos plausíveis na reivindicação.
Onde está a verdade?
Aliados de Ricardo e de Emília estão tentando a estabilidade na relação. A tentativa é de que não chegue a tal ponto de esgarçamento que impossibilite um diálogo para a reaproximação. A certeza é de que declarações contundentes de ambos podem prejudicar. Emília revelou que chamaria Ricardo para uma conversa, mas este encontro ainda não ocorreu.
Exonerações em bloco
Na secretaria de Meio Ambiente, houve mudanças que tiveram como consequência a exoneração em bloco de aliados de Ricardo Marques. Coincidência ou não, tudo casa com o afastamento da Secom e sumiço das inaugurações e solenidades da Prefeitura de Aracaju.
Semana em alta na gestão
Na gestão Emília, teve uma semana de grandes conquistas. Sancionou a regulamentação do transporte complementar, entregou o Parque da Sementeira e conseguiu no Consórcio do Transporte a aprovação de linhas para o FASC e gratuidade para o Enem.
Denúncias com foco político
As denúncias que surgiram contra a empresa Premium parecem até aqui ter um foco político. Quando assumiu a Saúde, a empresa foi alvo de comparação com a empresa anterior, claramente uma ação deliberada que desapoia se esvaziou. Agora com contratos com a Assistência, novamente ele se torna alvo e com um alvo certo, o deputado federal Rodrigo Valadares e sua mãe, Simone Valadares.
Denúncias com foco político II
É preciso prudência nesses casos. O denuncismo está em alta e, como a gestão de Emília Corrêa já enfrentou muitas ações polêmicas neste primeiro ano, todo fato de alteração administrativa vira alvo da crítica política. É preciso que lembremos que quando se age sem responsabilidade, comete-se o crime de injúria e difamação.
Cecília presidente
O Cidadania e Ricardo Marques deram um recado importante: aqui, Cecília será protagonista. Para quem teria sido esse recado? Com o gesto, Ricardo Marques mostra sua relação afinada com a esposa e deixa claro que a polêmica causada por ela não prejudicou a afinidade e a vida do casal. Ao contrário! É a estreia de Cecília no cenário político. Será que, em 2028, ela pode disputar uma vaga para a Câmara de Vereadores?
Já entrou um interlocutor em ação
Um secretário do governador Fábio Mitidieri já entrou em ação e buscou diálogo com Ricardo Marques para, claro, uma aproximação política. Ricardo perdeu espaços na prefeitura. O Cidadania vai federar com o PSB, que é aliado de Fábio. Além de acolher os exonerados, o grupo de Fábio vai tentar mostrar a Ricardo que as chances dele conquistar vaga na Câmara Federal são maiores caso ela permaneça na federação e se alie a Mitidieri.
Visibilidade nacional
Lagarto estará presente no 1º Festival de Cultura Popular de São Paulo, ganhando visibilidade nacional ao integrar a lista de 60 grupos selecionados para a primeira edição do evento. As quadrilhas juninas Raio da Silibrina e Parafusos se apresentam na avenida Paulista. A presença da cidade no evento é resultado da articulação do prefeito Sérgio Reis com Marcelo de Assis, secretário Executivo da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
Sem CODEVASF
O líder André Moura está sem o comando da CODEVASF em Sergipe. Após a postura do partido União Brasil na votação que derrubou a MP que assegurava compensações de arrecadação ao Governo Federal o comando político do Planalto mandou exonerar espaços ocupados pela agremiação em três estados. Sergipe foi na leva.
Exonerado na sexta
Thomas Jeferson, que atuou no comando do órgão por indicação de André Moura, foi exonerado na sexta-feira e ontem, sábado, esteve no órgão para “limpar as gavetas”. Jeco, conforme conhecido no mundo político, fez trabalho elogiado por vários partidos, sem predicação de ações para o padrinho.
Afinamento em Socorro
A solenidade de ordem de serviço para construção de uma Policlínica em Nossa Senhora do Socorro, mostrou o afinamento político do prefeito Samuel Carvalho com seus futuros apoiados em 2026. Estiveram presentes o senador Alessandro Vieira, o secretário de Saúde, Cláudio Mitidieri, o secretário da Casa Civil, Jorginho Araújo, além de claro do secretário e pré-candidato, Adilson Júnior. Samuel mostra com esses apoios que segue cumprindo compromisso político.
Alessandro é segundo nome
Desde a entrevista no Jornal da Fan na última terça-feira, Fábio Mitidieri vem dando sinais claros de que Alessandro Viera ser seu segundo nome na chapa. Para fechar mais ainda essa tendência, a deputada Maísa Mitidieri declarou apoio a Alessandro em solenidade na cidade de Boquim. Resta apenas o tempo para oficializar a chapa majoritária, que deverá ainda contar com Jeferson Andrade.
Acareação pela licitação
O Consórcio do Transporte Metropolitano da Grande Aracaju ouvirá as empresas contratadas para realizar estudos e formular o modelo da licitação do transporte público. ANTP e Fipe apresentarão seus estudos na reunião de novembro, quando enfim uma decisão será tomada. A reunião da última semana foi válida pelo mês de setembro. Na terceira sexta de outubro deve ter uma nova reunião do Consórcio, quando o Comitê Técnico montado deverá apresentar um relatório.
Terminal Pesqueiro
Em entrevista exclusiva a Magna Santana, o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, confirmou o interesse do Governo do Estado em administrar o Terminal Pesqueiro de Aracaju. Ele disse que o governador Fábio Mitidieri já havia conversado com os ministros Rui Costa e Márcio Macedo sobre essa possível parceria e ressaltou que os diálogos estão avançados, mas que a definição depende também de tratativas com um empresário que demonstrou interesse em assumir a administração.
Lula confirmou
Em Camaçari (BA), o presidente Lula garantiu que as atividades da Fafen de Sergipe e da Bahia serão retomadas. “A Fafen vai voltar a funcionar na Bahia e em Sergipe porque, agora, seremos donos do nosso nariz, também na produção de fertilizantes”, confirmou o presidente.
Fábio comemorou
O governador Fábio Mitidieri exaltou a notícia. “A Fafen está desde 1980 fazendo parte da história de Sergipe, grandes obras foram realizadas no estado por meio dela e, após o momento difícil de hibernação, temos a certeza de que voltaremos a viver um tempo próspero na produção de fertilizantes”.
Taxação de bilionários
A deputada federal Delegada Katarina (PSD/SE) votou a favor da taxação de bilionários, ricos e bets. A votação da retirada de pauta da MP 1303/2025, que trata da tributação de investimentos, ocorreu nesta semana. Para a parlamentar, fugir do debate não resolve nada, e o certo é encarar a discussão. “Sempre defenderei que quem tem mais deve contribuir mais. Por isso, ontem, votei contra a retirada de pauta da MP 1303/2025. Adiar ou enterrar o tema sem análise causa prejuízo, e quem realmente perde é o povo brasileiro, que fica sem ver implementadas medidas que poderiam gerar arrecadação, justiça fiscal e mais recursos para serviços públicos e programas sociais”, justificou a deputada.










