O peixe-boi-marinho conhecido como “Astro”, símbolo da conservação ambiental em Sergipe, poderá ser oficialmente reconhecido como Patrimônio Natural do Estado. A proposta está a ser preparada pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), que articula a documentação necessária para apresentação formal à Câmara dos Deputados.
Segundo Rodolfo Alves, biólogo da FMA, o reconhecimento de Astro como patrimônio natural representa um passo importante para a valorização da biodiversidade local. “Transformar Astro em patrimônio natural é reconhecer não apenas a importância de um animal emblemático, mas também reforçar a posição de Sergipe como referência em conservação marinha”, destacou.
A proposta surge como resposta à necessidade de fortalecer a sensibilização pública quanto à preservação do peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), espécie classificada como criticamente ameaçada de extinção no Brasil. Estima-se que existam apenas cerca de 1.100 indivíduos em vida livre, principalmente entre Alagoas e Piauí, tornando cada exemplar vital para a sobrevivência da espécie.
O projeto já conta com o apoio do vereador Breno Garibalde e encontra-se em fase inicial de articulação política. A FMA está a elaborar um dossiê técnico e cultural que evidenciará a relevância ecológica, social e económica da espécie para Sergipe. O documento incluirá o histórico de Astro, seu papel na saúde dos ecossistemas costeiros e os benefícios da conservação para as comunidades locais.
Para a Diretora-Presidente da FMA, Jociery Parente, o reconhecimento trará mais do que visibilidade. “Este não será um gesto apenas simbólico. Como patrimônio natural, Astro e a sua espécie receberão proteção legal reforçada e maior acesso a recursos para programas de conservação”, afirmou.
O peixe-boi-marinho tem papel essencial na manutenção da vegetação aquática e dos manguezais, ecossistemas fundamentais para a produtividade pesqueira e a proteção das zonas costeiras contra a erosão.
A formalização da proposta será feita primeiramente na Câmara Municipal de Aracaju, antes de seguir para apreciação na Câmara dos Deputados. A FMA convida organizações ambientais, instituições de ensino e a sociedade civil a apoiarem a iniciativa, que poderá servir de modelo para outras ações de conservação no país.