Diante das questões globais em torno da eleição de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos e a consequente nomeação do empresário Elon Musk ao recém-criado Departamento de Eficiência Governamental, o Jornal da Fan desta quarta-feira, 29, entrevistou Geraldo Campos, professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Porém, ele demonstrou preocupação com presença de Elon Musk no governo Trump, em relação aos recentes gestos considerados como saudação ao nazismo, o que gerou repercussão ao redor do mundo.
“O Elon Musk, na posse do Trump, o mundo inteiro presenciou, fez um gesto de saudação nazista. Algumas pessoas tentaram amenizar, mas não há dúvidas, até porque não foi apenas esse gesto. Elon Musk demonstra simpatias e afiliações com grupos que são afeitos a ideologias que valorizam práticas nazistas, como grupos alemães, partidos alemães de extrema-direita, o próprio Elon Musk já fez postagens antissemitas em redes sociais. Então, o que é preocupante é nós termos uma pessoa que é o homem mais rico do mundo hoje, que ocupa um lugar no governo de um país com muito poder, abertamente, publicamente, a olhos vistos, fazer gestos de saudação que representa uma ideologia que deveria estar morta e enterrada há muito tempo, mas que nós sabemos não está. Portanto, esse gesto do Elon Musk, ele alimenta grupos no interior dos Estados Unidos, que existem hoje, que pregam a supremacia racial e que têm efeitos muito preocupantes”, pontuou o professor.
Além disso, ele ressaltou que a presença de Musk em um cargo de influência no governo dos Estados Unidos pode fortalecer grupos extremistas que defendem a ideia de supremacia racial.
“Por exemplo, essa semana mesmo, nos Estados Unidos, nós observamos, foi transmitido pela imprensa internacional, manifestações de grupos que defendem a purificação racial nos Estados Unidos com a segurança garantida, com direitos de expressão, por agentes de segurança norte-americana”.
Por fim, Geraldo destacou que, no âmbito diplomático, o governo brasileiro tem buscado uma postura de valorização das relações históricas entre Brasil e Estados Unidos.
“Do ponto de vista das relações, portanto, o governo Lula retomou uma coisa que tinha sido interrompida durante o governo Bolsonaro, que é uma postura da diplomacia brasileira de prezar pela manutenção das relações diplomáticas com o mundo e o fortalecimento das organizações internacionais e do multilateralismo, ou seja, prezar por um mundo que valorize o direito internacional, as normas internacionais e as preocupações, por exemplo, de característica humanitária”, afirmou.