Em entrevista ao Jornal da Fan desta quarta-feira, 29, Geraldo Campos, professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS) comentou sobre o cenário geopolítico atual. Sobre os últimos acontecimentos na Faixa de Gaza, o especialista afirmou que a região é a “ferida moral do mundo”.
“Eu acredito que a faixa de Gaza é a ferida moral do mundo contemporâneo. Nós somos testemunhas de um processo de genocídio que exterminou mais de 47 mil vidas. E até hoje, quando nós observamos as imagens que vêm da Faixa de Gaza, são estarrecedoras. Esses últimos dias nós tivemos um retorno das pessoas que estão tentando voltar para as suas residências, pessoas que são do Norte de Gaza. Então, cerca de 380 mil pessoas marchando, uma imagem que ficará nas nossas retinas por um longo tempo, mas acontece que essas casas não existem mais, elas viraram pó”, afirmou.
O professor ainda comentou a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre “limpar” a região.
“O Trump, nos seus primeiros dias de gestão, e agora nessas últimas semanas, fez declarações que devem ser lidas com muita atenção e preocupação. O que o Trump está sugerindo para a Faixa de Gaza? Uma limpeza. O que a gente entende de limpeza? Uma limpeza étnica. Porque você obrigar uma população inteira a se deslocar, isso significa limpar etnicamente um território. Isso é condenado, isso é proibido de acordo com as leis e com o direito internacional. Isso não é aceito. Existem convenções que regulam esse tipo de coisa”, comentou.
Ainda sobre o assunto, Campos afirmou que ainda há muito o que se fazer pela Faixa de Gaza, mesmo após os acordos de paz.
“Ainda tem milhares de desaparecidos sobre os escombros, tem muitas pessoas que estavam em situação de subnutrição, muitas pessoas que estavam perecendo por conta da falta de comida, doenças em decorrência do genocídio. Então essa situação de Gaza, enquanto ainda tem muito a ser feita, tem um processo de reconstrução da faixa de Gaza a ser feita”, afirmou.
