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Edmundo González promete retornar à Venezuela para “tomar posse” no lugar de Maduro

Da redação

04/01/2025


Ameaças, acusações, falta de transparência e incertezas sobre o futuro. É nesse cenário que a população da Venezuela se prepara para a posse presidencial no país, prevista para acontecer na próxima sexta-feira, 10, com Nicolás Maduro e Edmundo González prometendo assumir o Palácio de Miraflores na data. Somente um, no entanto, vai se sentar na cadeira do mais alto cargo político venezuelano.

Realizado em julho do ano passado, o pleito era visto pela comunidade internacional como uma forma de estabilizar a situação no país, há anos inflamado por uma disputa entre chavismo e oposição. Contudo, o resultado final das eleições inflamou ainda mais o barril de pólvora chamado Venezuela.

Antes da votação, Maduro prometeu respeitar o processo democrático. Mas a falta de provas concretas de que tenha vencido González nas urnas fez com que o discurso do herdeiro político de Hugo Chávez caísse por terra.

Horas após o fim da votação, autoridades venezuelanas anunciaram a reeleição do atual presidente do país. Contudo, as atas eleitorais, que poderiam comprovar a vitória de Maduro, não foram divulgadas. A medida era uma das exigências para que a comunidade internacional, que acompanhava a eleição no país com atenção, reconhecesse a lisura do pleito.

Além de referendar o sucesso de Maduro nas urnas, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) decidiu que os dados não se tornariam públicos, medida que contraria acordos previamente assinados pelo governo chavista e oposição.

Sob o comando de María Corina Machado e do candidato Edmundo González, a oposição alegrou fraude no resultado e disse ter provas de que o ex-diplomata foi o verdadeiro presidente eleito. A informação, segundo o bloco político que busca derrubar a hegemonia do chavismo no país, é baseada em cerca de 25 mil atas eleitorais recolhidas durante a votação, que correspondem a 85% do total.

A contestação fez com que González passasse de candidato à Presidência a alvo da Justiça Venezuelana, que ordenou a prisão do adversário de Maduro. Dias após o início da “caçada” contra o ex-diplomata, ele deixou o país e buscou asilo político na Espanha.

A oito dias da posse, o governo chavista anunciou uma recompensa de US$ 100 mil pela detenção do candidato da oposição. Entre outras coisas, ele é acusado de “conspiração” e “cumplicidade em atos violentos” na Venezuela.

Maduro segue rotina normal

A vitória de Maduro é um consenso entre países que historicamente mantêm bons laços com a Venezuela, como a Rússia de Vladimir Putin e a Nicarágua de Daniel Ortega. Para boa parte da comunidade internacional, a reeleição do líder chavista é contestada ou não reconhecida.

Países como os Estados Unidos já chegaram a reconhecer González como o verdadeiro vencedor nas urnas. Já outros, como Brasil e Colômbia, ainda dizem aguardar a divulgação de dados que possam comprovar a vitória do opositor de Maduro.

Mesmo sob pressão, Maduro segue sua rotina como figura máxima do chavismo atual no país. A agenda do atual presidente do país vai de aparições diárias em programas transmitidos pela mídia estatal venezuelana a compromissos internacionais, como a última cúpula dos Brics.

González promete retorno e recebe ameaça de prisão

Nos meses de exílio na Espanha, González iniciou uma campanha na tentativa de conquistar apoio internacional e aumentar a pressão contra Maduro, e prometeu retornar à Venezuela em 10 de janeiro para assumir a presidência do país.

Apesar de expressar otimismo com um possível retorno ao país onde nasceu para assumir o controle da Venezuela, González e a oposição ainda não deixaram claro se possuem alguma carta na manga contra Maduro – ou se o plano é seguir os passos de Juan Guaidó, que em 2019 se autoproclamou presidente venezuelano.

Com as inúmeras declarações de González, autoridades chavistas afirmam que não existe nenhuma possibilidade de o opositor de Maduro retornar ao país sem ser preso.

“No dia 10 de janeiro, o único que vai tomar posse se chama Nicolás Maduro. Não há uma única possibilidade, nenhuma, nem mesmo meia possibilidade, [de] o imundo sr. González colocar os pés na Venezuela sem ser preso”, ameaçou o ministro do Interior e número 1 do chavismo no país, Diosdado Cabello, no dia 17 de dezembro.

Mesmo sob ameaça, González pode contar ainda com o apoio de uma ação liderada pelo norte-americano Erik Prince, fundador da empresa de mercenários Blackwater. Após a a eleição, o empresário iniciou uma série de ataques contra o regime chavista, e anunciou uma ação contra Maduro chamada Ya Casi Venezuela. A promessa é de mudar o rumo do país e cumprir a “vontade do povo venezuelano”.

Até o momento ainda não está claro do que se trata a iniciativa, que desde outubro tem angariado fundos por meio de um site.

Fonte: Metropoles

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