Na manhã desta segunda-feira, 26, o Jornal da Fan recebeu, nos estúdios da Rádio Fan FM, o forrozeiro Jailson do Acordeon, tradicional sanfoneiro nordestino e sergipano, natural do município de Propriá, que falou para os ouvintes da Fan sobre sua opinião a respeito dos festejos juninos no País do Forró.

Jailson é conhecido por seu um forrozeiro ortodoxo, que segue a escola mais tradicional do forró, o chamado “arrasta pé”, que tem como referência os grandes mestres do gênero musical, como Luiz Gonzaga, Trio Nordestino Dominguinhos, Santana e Flávio José, os chamados ‘forrozeiros autênticos’.

A exemplo de outros forrozeiros tradicionais da nossa terra, como Erivaldo de Carira e Joaquim Antônio, vocalista da Casaca de Couro, Jailson do Acordeon teceu duras críticas ao poder público por conta da pouca valorização, na prática, que têm os músicos do forró sergipano, principalmente nesses períodos de festa, que é quando eles deveriam ser mais requisitados e fazer um volume maior de apresentações. Para os artistas sergipanos, a impressão que fica é a de que a valorização do artista local é algo que fica apenas no discurso, pois apesar de ser conhecido e reconhecido no estado e de contar com mais de 40 anos de estrada, Jailson do Acordeon conseguiu apenas uma apresentação neste São João.

“O que Erivaldo de Carira falou aqui, ele fez uma síntese geral. O único município em que eu estou tocando é Aracaju. E assim mesmo, um show que será realizado hoje, às 19h, no Forró Caju, no Mercado. Nenhum município contratou Jailson. Eu, como presidente da Associação dos Forrozeiros, e o vice-presidente, Marcos Francisco, do Forró Xique Xique, de Areis Branca, viajamos por mais de 20 cidades com o dinheiro do próprio bolso e a conversa é a mesma, é aquela que Erivaldo falou: o prefeito entrega o dinheiro na mão do empresário e o empresário diz que a programação está fechada”, disse Jailson.

Jailson fez questão de ressaltar, dentre os 75 municípios de Sergipe, o único gestor público que, na opinião dele, realmente valorizou o forró sergipano. “O único prefeito que nos recebeu bem e que eu admiro, a gente não tocou lá, mas eu tenho que tirar o chapéu para ele, é o prefeito de estância, porque ele contratou todos da cidade dele e da região. Só não pegou mais porque a grade não tinha como comportar. Já pensou se todo município contratasse cinco artistas locais. Todo mundo trabalhava. Os prefeitos botam arrocha, axé, pagode, piseiro, tudo, menos o forró. E dizem que é festejos juninos. Como? Existe festejo junino sem o forró? Sem sanfoneiro, sem quadrilhas? As quadrilhas estão aí nos concursos, mas também estão desmotivadas”, disparou o forrozeiro.

Enquanto presidente da Associação dos Forrozeiros, Jailson disse que se preparou e organizou para melhor divulgar os artistas locais e garantir que nenhum ficasse sem se apresentar durante os festejos juninos deste ano. Foi feito um catálogo, com fotos, portfólio e todas as informações necessárias não apenas para divulgar os artistas, mas também para contratá-los. Jailson disse que apesar de a iniciativa ter sido muito elogiada, os efeitos práticos foram praticamente nulos.

“Tudo que os prefeitos quisessem, o catálogo tinha o portfólio, com material. Era só puxar pelo QR Code, e está tudo aqui. Não se contratou ninguém. Os prefeitos elogiaram a organização, mas não passou de elogios. Não há desculpas por parte dos prefeitos. A gente se organizou”, disse Jailson.