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Em Brasília, professor sergipano representa educadores durante a sanção da Lei de Incentivo à Escola Integral

Da redação

31/07/2023


Nesta segunda-feira, 31, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sanciona a Lei de Incentivo às Escolas de Tempo Integral. O texto regulamenta o repasse de recursos e de assistência técnica da União para estados e municípios, no intuito de ampliar o número de vagas nessa modalidade de ensino, que prevê uma jornada igual ou superior a sete horas diárias, ou 35 horas semanais.

A previsão é de que sejam investidos R$ 4 bilhões no programa, que tem como meta criar, até 2026, 3,6 milhões de novas vagas, sendo 1 milhão de novas matrículas logo na primeira etapa.

A convite do Ministério da Educação, o professor Yuri Norberto, do Centro de Excelência Atheneu Sergipense, está em Brasília para representar educadores brasileiros na solenidade de sanção da legislação. Sergipe é o quarto estado do Brasil com maior taxa de matriculados no ensino integral. Das 318 escolas estaduais, 96 são em tempo integral: 11 de ensino fundamental, três de ensinos médio e fundamental, seis de ensino profissionalizante e 76 de ensino médio integral. A previsão é chegar a 156 unidades nos próximos anos.

O professor de sociologia citou projetos classificados por ele mesmo como inovadores na educação, como o Atheneu ONU, um modelo de simulação das Nações Unidas em que os alunos assumem o papel de chefes de Estado, e o Laboratório de Educação e Aprendizagem Digital, no qual os alunos aprendem sobre marketing, programação e produção de conteúdo.

Norberto também é o criador do projeto Observatório Internacional da Notícia, que tem como objetivo promover uma espécie de alfabetização digital e combater a desinformação.

Na avaliação dele, a educação em tempo integral é de extrema importância para o desenvolvimento do Brasil. “Acho que esse talvez seja o ponto fundamental: o grande salto que o Brasil pode dar agora é a educação em tempo integral, porque ela tem essa visão não só de tempo integral, mas da integralidade do aluno. O Brasil já conseguiu avançar em alfabetização, em universalizar todos os níveis e modalidades da educação básica. Estamos prontos para dar o próximo passo, que é uma educação integral e que, no meu entender, vem sim por meio da educação de tempo integral”, diz o professor.

A partir da sua experiência vivida por ele no Atheneu Segipense, o professor ressalta esta modalidade de ensino como extremamente benéfica para os estudantes.

“A gente costuma dizer, na educação em tempo integral, que a pedra fundamental é o projeto de vida: qual o sonho que o aluno traz para a escola e como a escola pode potencializá-lo, para que ele alcance esse objetivo? Não é possível que a gente não consiga trabalhar e dar ao jovem o direito que ele tem de entender quem ele é e projetar quem ele quer ser e quais espaços quer alcançar’, avalia Yuri.

O professor ressalta que, dentro desse contexto do ensino integral, são elaboradas ações que combatem a evasão escolar e colaboram para a permanência dos estudantes nas escolas.

A tutoria é um processo muito interessante. É um direito que o aluno tem, de ter uma conversa com alguém que vai orientá-lo. Temos também as disciplinas eletivas, que a gente chama de parte diversificada do currículo. No momento em que a gente pega o currículo, ele vai se apresentar de diferentes formas paro aluno. Às vezes, de maneira mais lúdica, às vezes, de maneira um pouco mais prática. É nessa escola que os alunos gostam de estar e onde o processo de aprendizagem é dinâmico, plural, diverso e envolvente. Então, a escola começa a fazer sentido. Ela passa a ser um lugar de afeto e acolhimento atrelado ao aprendizado”, pontua o educador.

Yuri Norberto reforça que, quando a gente fala em formação integral, é preciso fomentar uma política educacional que preze pela valorização do professor. “ A valorização tem dois caminhos. Claro que tem a valorização salarial, muito importante. Mas há também uma valorização da formação do professor. É preciso que o professor tenha a oportunidade de refazer a sua formação e aprender coisas novas. A valorização do professor passa por esses dois caminhos: acolhimento, apoio, salário, mas, principalmente, formação”, afirma Yuri.

O professor ressalta que as mudanças necessárias exigiriam, portanto, alterações nos currículos e nas jornadas de trabalho dos profissionais de educação. “Se você olhar, todas as profissões mudaram ao longo do tempo. Nós não seríamos exceção. Talvez a profissão de educador seja a última a estar mudando. A gente continua com a mesma forma de contratação e de distribuição de carga horária. Parece que ficamos para trás. Na verdade, implementar essas alterações nos currículos e nas jornadas de trabalho dos profissionais de educação seria acompanhar o passo que a sociedade está dando”, contextualiza.

O professor avalia como positiva essa retomada de uma política nacional para ampliar as matrículas no ensino em tempo integral. “ Vejo com muita esperança. Afinal, a gente passou um período com a educação em tempo integral com limitação de expansão. Essa retomada agora com força, com pujança, com um projeto de lei, o que é muito importante, já que, até então, existia só uma portaria. É até uma segurança jurídica, algo que vai ficar, algo que a sociedade toda está demandando. Vejo com muitos bons olhos. Finalmente, estão enxergando a educação em tempo integral não só como algo exótico e bem-sucedido pontualmente, mas como algo que a gente precisa fazer para todo o país, como uma política de massa”, diz o professor.

Fonte: Agência Brasil

Foto: Arquivo Pessoal

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