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Emília, Rodrigo, Fábio e Rogério e uma leitura de suas estratégias políticas
Narcizo Machado
06/05/2023
A vereadora Emília Corrêa colhe hoje o fruto de sua posição em 2022. A neutralidade do segundo turno atraiu para ela os olhares dos votos conservadores em Aracaju. Não por outro motivo, lidera consolidada todas as pesquisas. Emília, em entrevista a Fábio Henrique e Marcos Aurélio, comentou a tese de que ela não terá grupo para a disputa de 2024. Deu resposta firme, mas faltou uma complementação. O primeiro turno de 2022 já fez cair por terra a tese de que grupo e estrutura são suficientes. Quem não entendeu isso, está daltônico na análise política. Por isso, com ou sem grupo, ela será forte na disputa pela sucessão de Edvaldo, isto é fato. O eleitorado da capital nem sempre é compreendido e Emília, se souber, pode se consolidar. Atacá-la como ‘isolada’, pode ser um tiro saindo pela culatra.
Quanto às pesquisas, é fundamental lembrar que o agrupamento de Edvaldo e Fábio ainda não se definiu, só após isso teremos um cenário mais claro da força de Emília frente ao nome escolhido pela situação. Ou nomes, afinal se desenha uma pulverização com diferentes nomes.
Rodrigo Valadares é inteligente. Tiro o chapéu para sua ascensão, que é rara na política sergipana. Contudo, ele está arriscando em se tornar folclórico. Lembram de Almeida Lima, que era chamado de ‘Darlene e Rolando Lero’? Pois é, exemplos não faltam. Essa semana, com menos de uma dezena de parlamentares, o deputado pediu as luzes do salão verde da Câmara para apresentar o pedido de impeachment de Lula. Um pedido desses é colocar em instabilidade o futuro de milhões que precisam das políticas públicas e elas virão com a estabilidade política que qualquer governo, de direita ou esquerda precisam. A oposição precisa estar atenta e qualificada, mas com pautas reais. Concordando ou não com Rodrigo, chamou atenção sua atuação contra o PL 2630. Esse é o melhor caminho. Estar sempre nos holofotes com polêmicas é fácil, mas se forem polêmicas sem nexo, o descrédito chega. Observando a conduta de outros parlamentares da chamada ‘nova direita’, sinto que Rodrigo possa ser usado por parte da ala conservadora que não quer se expor nas radicalidades sem bases. Para se reeleger deputado essas posições ajudam no diálogo com o eleitor dele, mas, para quem quer voos mais altos, o extremismo não colabora.
Antes de conhecer os bastidores da política as pessoas ficam se perguntando: por que um gestor não acata os pedidos dos funcionários públicos e não resolve tudo de vez? A resposta é fácil e direta, nunca haverá ponto de satisfação. Na gestão pública há um limite entre o desejável e o possível. Aliás, a vida é assim. Com quatro meses de governo, Fábio Mitidieri tomou para si a negociação com o magistério, um gesto arriscado, mas parece que ciente e calculado. Não atendeu tudo, mas sinalizou negociação continua. Enfrentará a radicalidade momentânea que é da democracia e passará para novas etapas. Fábio já sabia o que viria e compreende o papel dos sindicatos. Centrou força durante a semana na pauta de planejar investimentos, estratégia bem sucedida. Aliás, a cada passo, o governador sabe que as expectativas criadas serão cobradas num futuro próximo. Mas, cada dia com sua agonia, parece ser o lema.
Rogério errou na transição da terceira para a primeira secretaria do Senado. Aliados têm se queixado de que foram deixados de fora da equipe do senador sem nenhum tipo de aviso prévio ou contato para justificativa. Com pouco espaço no governo federal, tendo em vista a composição de base no Congresso e a grande influência de Márcio, seu mandato é sua única ferramenta para manter o grupo em Sergipe. O resultado do erro é que, silenciosamente, ele vem tendo uma dura batalha dentro do PT. Dizem ainda alguns aliados, que Rogério se isola ao invés de apresentar com transparência as limitações e gerar, quem sabe, um espírito de união. Mesmo saindo com expressiva votação do segundo turno, sua liderança interna no PT não é hegemônica. No plano nacional ele tenta se readaptar não dando mais munição para os adversários internos, isso em termos de defesa do governo no Senado. Ele enaltece o governo petista e vai para o embate contra os algozes de Lula no Senado. A sapiência do senador visa deixar o enfrentamento público para o momento adequado. Esta semana criticou duramente a não redução da taxa Selic e acusou o presidente do Banco Central de agir com “capricho” e de se posicionar politicamente contra Lula. Voltando para o plano local, uma rusga na relação com a filha do presidente, Lurian Lula, pode trazer consequências.
Como na política nada é permanente, aguardemos num futuro próximo o que o hoje de cada um deles produzirá.
NOTAS DA SEMANA
Lurian x Carvalhos
A relação entre Lurian Lula e os Carvalhos, Rogério e Candisse, não vem bem há algum tempo. Na pré-campanha de 2022, quando todos colocavam a candidatura de Rogério em dúvida, Lurian foi usada para fazer discurso dizendo que o candidato de Lula era Rogério. Colocada no cenário, o nome de Lurian começou a ser especulado para compor a chapa majoritária, isso incomodou o senador e sua esposa.
Lurian x Carvalhos II
No desenrolar da campanha, Lurian e outras figuras femininas do PT sentiram-se preteridas da campanha. Desde então o clima se acirrou de vez e mesmo sendo nomeada no gabinete de Rogério, Lurian e o senador não mantêm boa relação. Para aumentar ainda mais a temperatura, o neto de Lula é nomeado no governo Fábio Mitidieri.
Lurian x Carvalhos III
Quando Danilo Segundo resolve entrar na disputa pela Barra dos Coqueiros, cidade em que Rogério é aliado do atual prefeito Alberto Macedo (MDB), o gesto parece ter a intenção de enfrentamento. O PT local incentiva, mas Rogério tem dito que a aliança com Alberto permanecerá.
Parou na Veja
Enfim, a disputa ganhou contorno nacional. A Veja publicou esta semana uma matéria retratando a disputa pela Barra. Com o título: ‘A disputa que envolve filha de Lula, o namorado dela e um senador do PT’, a publicação retrata a confusão política e é encerrada com declarações de Rogério afirmando não acreditar na intervenção de Lula.
DNA na matéria
Alguns petistas disseram que já identificaram o DNA da matéria da Veja. O texto tem uma inverdade, diz que Alberto é o favorito à reeleição, o que todo Sergipe sabe que não é a realidade do momento. Além disso, dizem os petistas, só ouviram Rogério e não o PT da Barra.
Sandro de Miro aconselhado
Depois de 14 anos sem disputar eleições, mas sempre convidado e lembrado em todos os pleitos, o empresário Sandro de Miro está sendo aconselhado a definitivamente voltar a disputar algum cargo. Não seria para 2024, mas para 2026. Ele resiste, acha que já deu sua contribuição sendo vereador de Aracaju de 2005 a 2008.
Dnit e SPU
A semana deve ser marcada com a publicação das nomeações de novas direções na Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Um será indicação do governador Fábio Mitidieri e outro dos irmãos Fábio e Sérgio Reis.
Waldoilson na SPU
Waldoilson Leite com indicação do governador Fábio Mitidieri será o superintendente da SPU. Gestor público de larga experiência, ele já foi secretário de estado, teve passagens pela Codise, Emsetur e Funcaju.
Halpher Luiggi no DNIT
Natural do Espírito Santo e funcionário de carreira, Halpher Luiggi assume a superintendência do DNIT com indicação dos irmãos Reis. Pelo que apuramos, ele já teve passagem na direção nacional do órgão. Halpher também já teve passagem por disputas políticas, em 2020 foi candidato a prefeito de Vitória pelo PL. Atualmente é secretário de Obras do município de Serra-ES.
Manoel Marcos assume
O vereador Manuel Marcos comunica a Câmara Municipal de Aracaju sua licença nesta segunda-feira, 8. No mesmo dia deve tomar posse na Assembleia Legislativa de Sergipe. Na terça-feira já deve participar como deputado estadual suplente da sessão plenária da Alese.
Jailton Santana de volta
O radialista Jailton Santana havia decidido sair das disputas eleitorais após os insucessos de 2016, quando foi vice de João Alves, e 2020 quando tentou voltar a ser vereador de Aracaju. Esta semana, concedendo entrevista a Fábio Henrique, ele disse que seguirá conselho do empresário Teixeira, proprietário da emissora Rio FM onde trabalha e vai deixar seu nome à disposição para 2024. Ele foi citado como possível vice de Emília Correia.
MPE e poluição sonora
Se depender do promotor Eduardo Matos, a Prefeitura de Aracaju, através de seus mais diversos órgãos competentes, irá endurecer a fiscalização contra a poluição sonora na capital. Matos entrou com ação pedindo à Justiça que condene a PMA à ‘obrigação de fazer’ e elenca uma série de medidas. No Jornal da Fan desta segunda-feira iremos detalhar o assunto.
Parceria Trabalho e INSS
A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego acabou de firmar uma parceria com o PEP – Programa de Educação Previdenciária do INSS para, a partir do dia 10 de maio, na sede situada à rua Pacatuba 171, Centro, Aracaju, continuamente oferecer atendimento ao público para as questões previdenciárias. Para agendar atendimento é só ligar para os números: 3179-3250, 3198-3251 ou 3198-3263
MDB será de um senador
A informação dos bastidores em Brasília é de que o MDB em Sergipe ficará sob o comando de um senador. Portanto há três possibilidades. Alessandro Vieira deixa o PSDB e vai para o MDB onde tem a aliada Simone Tebet. Laércio Oliveira deixa o PP e vai para o MDB, mais difícil. Rogério Carvalho encurralado no PT pode ter como destino o MDB, a promessa teria sido feita para garantir o partido nas mãos de Sérgio Gama.
Claudionor MDbista
O principal articulador político de Rogério Carvalho, Claudionor Santos, é que tem capturado novos filiados para o MDB. A situação tem criado críticas no PT. A pergunta dos bastidores é se seria um auxílio ao neófito Sérgio Gama ou um caminho em aberto para mudança de sigla de Rogério Carvalho. Só o tempo dirá…