Sabe aquele tempo em que o governador de plantão ouvia, ouvia e depois decidia sozinho, pensando apenas em seu próprio objetivo, em sua sobrevivência política? Com a chegada de Fábio Mitidieri esse tempo parece ter acabado. Não que seja fácil, pois as pressões são grandes para uma centralização de poder e vários são os que sopram riscos e ameaças, visando tensionar a relação com aliados.

O sergipano tem o coronelismo na veia. Do micro ao macro espaço de poder, sempre há quem queira impor suas vontades. A conquista do poder muitas vezes cega e infla o ego. É preciso muito esforço para não se deixar encantar com a posse da caneta no exercício da liderança política.

Fábio Mitidieri foi muito criticado por ter deixado a sucessão de Aracaju com vários pré-candidatos. Vários aliados não lhe faziam observações diretas, mas desabafavam nos bastidores, nas conversas paralelas.

O governador atuou tendo ciência de que em um grupo grande, diverso e recheado de vaidades políticas, seria necessário a compreensão das estratégias de cada líder, de cada partido.

Logo de saída, dois deles apontaram suas intenções mirando a eleição de 2026 para o Senado. André Moura e Edvaldo Nogueira. André sempre disse que se houvesse nome de consenso, o União Brasil toparia recuar. Só que esse nome de consenso jamais seria o nome de Edvaldo.

Edvaldo sempre deixou claro que o seu nome sairia do PDT. Tendo escolhido Luiz, jamais aceitaria recuar para dar o comando do processo a outra agremiação.

Portando, restou a Fábio a compreensão. Liberou André e Yandra para construírem, assim também se comportou diante das intenções de Danielle Garcia e Fabiano Oliveira. Conviveu, inclusive, com a disposição de Katarina Feitoza em tentar se viabilizar. Inédito! E, por fim, sustentou o compromisso com Edvaldo Nogueira em apoiar seu escolhido. Atitude arriscada, mas até aqui correta. Nenhum liderado, ou aliado, pode acusar FM de pensar apenas em si.

Com a palavra dada a Edvaldo, e sendo a palavra e o compromisso político seu maior legado, Fábio passou a chamar os partidos e pré-candidatos e pré-candidatas que se lançaram e não conseguiram se viabilizar, para aderirem a Luiz Roberto.

Tudo que ele esperava eram gestos, mesmo que esses viessem com contrapartidas de espaços ou projetos futuros em 2026. Só não conseguiu aglutinar Danielle Garcia. A delegada manteve-se firme e irredutível. Só o futuro lhe dirá se a decisão de disputar foi correta.

Passado esse período de tensões, onde a combinação de jogo ocorreu principalmente com André Moura, vem agora a fase mais delicada. As rivalidades se ampliam.

Fábio tem pregado uma campanha respeitosa entre os governistas, Luiz Roberto, Yandra Moura e Danielle Garcia. Até onde vai o limite da crítica? Até onde vai o limite da estratégia de desconstrução de imagem entre eles? Das respostas destas perguntas sairão as possibilidades para a manutenção da unidade.

Há quem acredite que fissuras são inevitáveis e, no segundo turno, muitas novidades podem surgir. Mas, os mais altruístas confiam no respeito e na cordialidade. Até seis de outubro saberemos.

De certo mesmo foi a postura democrática, anticoronelista e respeitosa de Fábio Mitidieri!

NOTAS DA SEMANA

Fabiano levanta astral
O vereador Fabiano Oliveira, ao aceitar ser vice de Luiz Roberto, chegou imprimindo um discurso ao seu estilo, com “vibrações positivas”. Levantou a animação do agrupamento. Ao justificar sua chegada pela “unidade”, citou diversas ações que impactam a vida das mulheres, argumentando que ele e Luiz, caso eleitos, colocariam em prática.

PSB adere a Luiz
O vice-governador Zezinho Sobral tentou se viabilizar para disputar Aracaju, não teve sucesso e saiu do PDT. No PSB, não fez investida mais dura e passou os últimos meses declarando que o partido estaria onde o governador estivesse. Palavra dada é cumprida, na última sexta-feira, 2, o partido anunciou apoio a Luiz Roberto.

Luiz concentrado e mais leve
O pré-candidato Luiz Roberto passou esse período de tensões e agora está concentrado no início da campanha e com o espírito mais leve. De todas as pré-candidaturas, a de Luiz foi a que mais período de instabilidade viveu. Precisou de muita ciência e frieza para chegar até aqui.

Emília buscou modelos
A pré-candidata Emília Corrêa (PL) passou dias entre Recife e Maceió. De lá, ao lado de Ricardo Marques, ela postou vídeos mostrando exemplo de iniciativas que devem fazer parte de seu plano de governo.

Precipitação de Rogério
Em entrevista a Jailton Santana na última semana, o senador Rogério Carvalho deixou a entender, numa declaração com perfil de exclusividade, que o ex-deputado Robson Viana seria o vice de Candisse Carvalho. Declaração não autorizada por Robson, que não havia aceito o convite. Soou como pressão. Não adiantou e a precipitação foi muito criticada.

PT encontra melhor solução
Na ausência de Robson Viana, o PT não poderia ter encontrado melhor solução. A ex-vereadora Rosângela Santana foi anunciada na convenção de ontem como a vice. A professora foi, por anos, líder do Sindipema, parlamentar na Câmara de Aracaju e está entre as mais respeitadas militantes históricas do PT. Junção de renovação, com efetiva militância.

MDB a sete chaves
O MDB guarda a ‘sete chaves’ a solução encontrada para a formação de chapa com Danielle Garcia. Georlize Teles não aceitou. Byron não aceitou. Chegaram a consultar Adriano Bandeira, que também preferiu manter disputa por vaga para a Câmara de Aracaju. A convenção de hoje trará a revelação. Quem será o nome guardado a ‘sete chaves’? Ou será que um dos convidados deve mudar de posição até logo mais, na Convenção que acontece às 10h30?

Danielle entre firmeza e risco
A delegada Danielle Garcia está com posição firme de disputar a Prefeitura de Aracaju. Sua decisão, como todas, tem bônus e ônus. Mostra uma firmeza de independência, demarca espaço demonstrando ser aliada de Fábio e não de Edvaldo, quebra o paradigma de adesão cega ao grupo governista. Pode ganhar ponto de imagem. Mas, conhecendo como se processa uma campanha, ela foi para um risco. Nas eleições de 2020 e 2022 os resultados foram positivos. Se vier a perder Aracaju, com resultado obviamente menor que 2020, terá complicações para 2026.

Yandra aumenta o tom
Em uma atividade de sua pré-campanha, a deputada Yandra Moura aumentou o tom da crítica à pré-candidata Emília Corrêa e disse que não quer ser igual à vereadora “do blá-blá-blá e da gritaria”. Yandra ainda aconselhou os presentes a terem cuidado “com gente desse tipo”. O clima começa a esquentar.

Mobiliza muda de posição
Na manhã de ontem, o Mobiliza, antigo PMN, realizou convenção aderindo a Carminha Paiva. O evento contou com a presença da pré-candidata. Durante a tarde, o partido mudou de posição e decidiu aderir à campanha de Samuel Carvalho. A ata foi modificada e o partido agora está coligado com Samuel. A festa do ‘vamos pegar mais um’ voltou a ocorrer e o secretário de Transportes de Socorro, Tininho Estevez, ao lado da esposa e vereadora Fernanda Estevez, e demais lideranças, pré-candidatos e pré-candidatas, têm novo palanque.

Monteiros optam pela neutralidade
Em Lagarto, durante a convenção do Podemos, o deputado estadual Ibrain Monteiro anunciou que neste pleito o grupo liderado por Valmir ficará neutro. Emocionado, Ibrain lembrou do pai e de suas realizações em Lagarto.

Críticas aos Ribeiros
Ao longo dos últimos meses, em diversas entrevistas, Ibrain e Valmir fizeram críticas ao grupo liderado por Gustinho e negaram a possibilidade de aliança com eles. As fortes declarações impactam os eleitores a não migrarem para o grupo de Gustinho.

Venâncio com Rodrigo
O ex-deputado estadual Venâncio Fonseca está apoiando Rodrigo Fontes para a Câmara de Aracaju. Rodrigo foi vereador em Capela e agora tenta a vereança na Capital.

Convenção do choro
A convenção de Carminha Paiva foi marcada por muito choro. Chorou Carminha para um lado e Inaldo para o outro. Em termos de lideranças políticas estaduais, a convenção foi prestigiada. O governador Fábio Mitidieri não participou. Prenúncio de mudanças?

Carminha e Inaldo
A pré-candidata Carminha Paiva entrou com uma ação judicial pedindo danos morais contra um militante político de Socorro. Carminha teria sido apontada, em redes sociais, como ‘esposa do padre’. Na decisão, o juiz, além de dizer que não houve dano a honra, atestou que há provas da relação entre os dois. Agora é esperar a Justiça Eleitoral se posicionar.

PJ nas convenções
O deputado estadual Paulo Júnior (PV) está correndo trecho para acompanhar as convenções partidárias. Na quinta-feira, ele esteve em Itaporanga, sexta-feira, Porto da Folha e Salgado. Já no sábado, o deputado esteve na convenção de seu partido, o PV, em Socorro. Hoje, será a vez de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora de Lourdes.

Cofre da saúde
Todos sabem que, pela Constituição, a atenção básica da Saúde é de competência dos municípios, mas não é porque a responsabilidade é repartida que os entes federados devem ficar só olhando. Essa semana, o Governo do Estado divulgou que, só neste ano, Sergipe já liberou R$ 30 milhões em emendas parlamentares estaduais, destinados exclusivamente para o reforço dos sistemas municipais de saúde, o que, segundo o secretário de Estado da Casa Civil, Jorginho Araujo, beneficia 61 cidades. Na verdade, o braço direito do governador Fábio Mitidieri frisou que a conta é muito maior: foram cerca de R$ 50 milhões liberados em emendas parlamentares para todo o Estado. Cabe aos prefeitos fazerem sua parte. Onde foram aplicados esses recursos?

Padrão de qualidade
Qualidade de obra pública é sempre questionável. A Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas (Cehop) tem assegurado que em Sergipe o nível de qualidade melhorou. Nos últimos 18 meses, de janeiro de 2023 a julho de 2024, a Cehop fiscalizou 46 obras em todo o Estado, sendo 28 já concluídas e 18 em andamento. O investimento total nesses projetos é de R$196.567.422,92.