Em entrevista concedida ao programa Jornal da Fan, da Rádio Fan FM, na manhã desta segunda-feira, 3, o senador Alessandro Vieira falou sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI do Crime Organizado, que será instaurada nesta terça-feira, 4, no Senado Federal.
Na ocasião, ele explicou que o primeiro passo para o início da investigação é montar o colegiado, aprovar as primeiras convocações, os requerimentos, bem como a definição da relatoria que, conforme ele indicou, deve ficar com o próprio Alessandro Vieira. O objetivo principal é passar para a sociedade o conhecimento técnico sobre o tema.
“Todo mundo fala, todo mundo dá opinião, dá pitaco, mas pouca gente escuta os profissionais da segurança, quem está efetivamente na ponta, para poder mostrar o que funciona, o que não funciona, quais são as carências, para que a gente possa superar esse momento. A gente não está condenado a ser governado, nem ser liderado por bandido, é uma escolha, uma escolha política […] Rio de Janeiro vive a consequência de décadas de abandono, de corrupção, de omissão. Agora tem que fazer um trabalho para retomar o território. Isso não é fácil”, explicou, ao trazer como exemplo a operação que ocorreu na última semana nos complexos da Penha e do Alemão.
O senador explicou que a iniciativa para resgatar o pedido da CPI se deu após dois acontecimentos recentes: a realização de uma operação para prender membros de facção que planejavam matar autoridade, promotor ou diretor de presídio, vinculados ao PCC, e o ocorrido nos complexos do Alemão e da Penha.
“Isso só mostrou a urgência que a gente tem de debater o tema pelo viés certo, tecnicamente, o que funciona, o que não funciona, dentro e fora do Brasil, porque dentro do Brasil você tem estados com bons números, e Sergipe é um deles, vem melhorando significativamente, não é o único, e você tem estados com péssimos números. Por quê? O que está faltando? Qual a diferença? Para que você possa ter esse entendimento e passar a aprovar leis e fazer investimentos de uma forma técnica, correta, focada em resolver o problema, e não ir fazer teatro para ganhar eleitorado”, afirmou.
Um fato que chamou atenção foi a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) não ter acionado o requerimento para a CPI. “Mas não vou dizer que tenha sido por uma escolha ideológica de não querer a CPI. Governo nenhum quer CPI nunca. Nenhum governo quer CPI. Porque a CPI, ela não é controlável. Você começa a CPI pensando numa coisa, mas ela de repente pode surgir para outros lados. E é natural que o Governo Federal seja chamado pra responsabilidade. Porque o Governo Federal é omisso no combate ao crime desde sempre. Esse governo é omisso, o anterior foi omisso, todos os outros depois da Constituição são omissos na questão da segurança. Eles deixam nas costas do Estado e inventam a cada tempo uma desculpa, uma nova justificativa pra não participar diretamente das operações e do enfrentamento”, explicou.
Por fim, ele pontuou o que espera conseguir com essa CPI. “O que eu quero conseguir com essa CPI, que as pessoas entendam o fenômeno. Não adianta só a matança, mas ela vai acontecer, porque na hora que tiver a necessidade de ocupar o território, vai ter confronto e vai ter morte. Eu nunca ouvi falar, em vinte anos de polícia eu nunca vi bandido entregando arma, entregando dinheiro, entregando território. Não funciona assim. Para retomar o território vai ter uso de força. Agora tem que ter um passo seguinte. Subi o morro. E agora, faço o que? Isso. Volta tudo ao normal. Volta ao que era antes […] Então a gente vai ouvir os responsáveis pela operação no Rio, vão ser ouvidos, juntamente com o governador Cláudio Castro, não pelo viés de perseguição, de punição, mas para entender o que falta, para dar o passo seguinte”, concluiu.










