Na sessão desta quarta-feira, 8, vereadores da Câmara Municipal de Aracaju debateram com veemência a atual situação da coleta de lixo na capital sergipana. O debate ganhou ainda mais força após a condução coercitiva de um gerente da empresa Renova, atual responsável pela limpeza urbana, à Delegacia de Crimes Ambientais, sob acusação de desobediência e possível omissão de provas.
Segundo relatos, caminhões da Renova que seriam vistoriados pela Polícia Ambiental teriam sido retirados de circulação pela empresa, o que levou à ação policial.
O vereador Élber Batalha (PSB) foi um dos mais contundentes nas críticas. Ele acusou a empresa Renova de violar normas ambientais e criticou a postura da prefeita de Aracaju, alegando inércia diante do problema:
“A Renova sumiu hoje de manhã com os caminhões que seriam vistoriados e a Polícia Ambiental conduziu coercitivamente à delegacia o gerente da empresa por omissão de provas e possível crime ambiental. É essa a postura da empresa que está explorando Aracaju: cometendo, a olhos vistos, crime ambiental. E a prefeita nada faz, nada diz — só grava vídeos. É prefeita de TikTok, porque administrar, de fato, não estou vendo nada.”
Já o vereador Camilo Daniel (PT) também expressou forte indignação. Da tribuna, ele destacou o contraste entre as áreas turísticas da cidade, que estão limpas, e os bairros mais afastados, onde o lixo se acumula.
“A cidade está suja, coberta de lixo. Temos pontos turísticos como a Orla de Atalaia e o bairro 13 de Julho limpos, mas bairros como Jardim Centenário, Santa Maria e Coroa do Meio enfrentam sérios problemas de acúmulo de resíduos. Só não vê quem não anda por Aracaju. Além disso, por onde o caminhão do lixo passa, o chorume escorre.”
Defesa e proposta de CPI
Por outro lado, o vereador Isaac Silveira (UNIÃO) questionou o histórico da antiga prestadora do serviço, a empresa Torre, e sugeriu que os problemas de gestão vêm de administrações passadas:
“Havia uma empresa nesta cidade que se achava dona, a Torre. Tinha uma relação promíscua com administrações anteriores e ninguém dizia nada. Quando terminou o contrato emergencial, com R$ 32 milhões a menos, não vi a oposição se manifestar. Quero saber: como uma empresa realiza esse trabalho com R$ 32 milhões a menos? Há oito anos se cobrava esse valor a mais e parecia normal. Algo está fora da ordem.”
Isac informou que aguarda a conclusão da licitação para apresentar um pedido de instauração de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades na prestação de serviços tanto pela atual quanto pela antiga empresa.
“Eu estou esperando a licitação que pode sair nesses próximos dias para propor uma nova CPI, eu quero saber porque há 8 anos se cobrava R$ 32 milhões a mais e isso parece que é normal, comum, fácil e compreensível. Algo está fora da ordem”, alegou.