“É bom para a balança comercial, mas ruim para o trabalhador”, diz sociólogo sobre venda ao exterior

Em entrevista concedida ao Jornal da Fan, da Rádio Fan FM, na manhã desta quinta-feira (1º), o sociólogo Fábio Salviano debateu questões relacionadas à realidade do trabalhador brasileiro diante da conjuntura atual do mercado e da economia. Vale ressaltar que essa discussão é alusiva ao Dia do Trabalhador, celebrado todos os anos em 1º de maio.

Durante a entrevista, o sociólogo expôs várias questões pertinentes ao cotidiano do trabalhador. Uma das preocupações levantadas foi o impacto da inflação nos preços de alimentos considerados básicos. Além disso, Salviano criticou a prioridade dada à exportação de produtos agrícolas, que segundo ele, tem contribuído para o encarecimento do consumo interno.

“Essa opção de vender para fora, porque rende mais, é boa para a balança comercial brasileira, mas também é ruim para o trabalhador brasileiro. Então, ter meio quilo de café a R$15, R$16, R$17, nesse momento, é fruto de uma opção que nós fizemos […] Nós desenhamos um modelo que prioriza o mercado externo. Quando fizemos essa escolha, geramos consequências que estamos sofrendo agora, muito fortemente, de dezembro para cá”, explicou.

Outro ponto abordado por Fábio Salviano foi a política de juros adotada pelo Banco Central, especialmente seus impactos no desenvolvimento econômico das regiões brasileiras, como o Nordeste. Para o sociólogo, manter os juros elevados compromete setores produtivos importantes e não resolve os reais motivos da inflação nos alimentos.

“É ruim essa política de juros do Banco Central, porque parece que o aumento da Selic vai fazer chover, e aí vai melhorar, vai resolver o problema de sazonalidade de uma ou outra cultura que depende de mais ou menos chuva. Então, aumentar os juros para conter a inflação de alimentos não resolve. Nós tivemos uma inflação de 8,2% em alimentos para consumo em casa, 7,83% para alimentação fora de casa, enquanto o IPCA geral foi de 4,83%. Veja a discrepância. […] O aumento da Selic não resolve. Pelo contrário, freia outras potencialidades da nossa economia e pode gerar desemprego. É preciso compreender a economia real.”

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