Lagarto x Itabaiana: Com gestões antagônicas, Sérgio e Valmir ganham holofotes

Ao deixarmos a Grande Aracaju, duas cidades se destacam como polos indiscutíveis do interior sergipano: Lagarto e Itabaiana. Seja qual for o critério adotado – população, eleitorado ou força econômica. – ambas se sobressaem e disputam, em números e relevância, o posto de “capital do interior”.

Lagarto é berço político e cultural, além de uma das principais potências agrícolas do estado. Itabaiana, por sua vez, se consolidou pela pujança comercial, reflexo de uma cultura empreendedora profundamente enraizada em seu povo.

A cidade serrana também se notabilizou por ter revelado a maior liderança popular de Sergipe nas últimas décadas, o que a projetou para o centro do debate político estadual. No entanto, esse “reinado” vem sendo ameaçado pelas boas intenções e pela crescente visibilidade da vizinha Lagarto.

O Censo 2022 reforçou essa disputa: Itabaiana ultrapassou Lagarto em número de habitantes. “Itabaiana registrou uma população de 103.439 habitantes, enquanto Lagarto contabilizou 101.579 moradores”, celebrou a Prefeitura de Itabaiana em seu portal oficial.

Em 2025, as duas cidades passaram a ser comandadas por gestores de perfis distintos e por vezes antagônicos: Sérgio Reis (Lagarto) e Valmir de Francisquinho (Itabaiana).

Valmir, que voltou ao comando de Itabaiana após ampla vitória em 2024, parece ter subido ao pedestal. Assumiu pela terceira vez o executivo municipal e, mesmo sendo sucessor de um aliado político, divulgou ter recebido dívidas. Uma espécie de “herança maldita”, embora tenha mantido o ex-prefeito Adailton Souza em cargo estratégico no seu governo. Um paradoxo que tem gerado questionamentos.

Já Sérgio Reis realiza o sonho de liderar a cidade onde nasceu e construiu sua trajetória. Ex-secretário municipal, ex-deputado estadual e federal, ele foi escolhido para reconduzir o grupo dos Reis ao poder. Herdou dívidas expressivas e uma máquina pública sucateada, mas tem apostado em articulação e diálogo como ferramentas de reconstrução. Em pouco tempo, conseguiu atrair investimentos e firmar parcerias com diferentes esferas de poder. Entre os que já anunciaram apoio a Lagarto estão o governador Fábio Mitidieri, o senador Rogério Carvalho e o ministro Márcio Macedo.

Valmir, ao contrário, parece restringir suas ações ao entorno familiar, com destaque para o deputado federal Ícaro de Valmir. Não se percebe, até agora, uma articulação mais ampla com outras lideranças, como senadores ou parlamentares federais. Para uma cidade do porte e da importância de Itabaiana, esse isolamento soa como ausência de maturidade política. E talvez, reflexo de vaidades.

Sérgio é filiado ao PSD, partido do governador Mitidieri, o que, segundo muitos, lhe garante um caminho mais facilitado. Já Valmir atua na oposição, o que naturalmente impõe maiores desafios de articulação e requer do gestor um espírito republicano ainda mais aguçado. Estar na oposição exige não apenas firmeza, mas também humildade para dialogar. Quem não compreende isso, paga um preço alto.

O ideal seria que ambas as gestões prosperassem, oferecendo desenvolvimento econômico e mais qualidade de vida aos cidadãos de Lagarto e Itabaiana. Ainda é cedo para apontar qual modelo de gestão renderá mais frutos políticos, mas, passados os primeiros 100 dias de mandato, é possível dizer que Sérgio Reis larga na frente, colocando Lagarto de volta à disputa pelo protagonismo que a fez ser chamada, por muitos anos, de “capital do interior”.

NOTAS DA SEMANA

Solidário a Bolsonaro?
Não foi possível constatar nas redes sociais de Valmir de Francisquinho, se ele, enquanto bolsonarista, candidato de Bolsonaro em 2022 e filiado ao PL, teve algum gesto de solidariedade ao ex-presidente durante esses dias em que ele esteve internado e passou por cirurgia. Será que ele não foi solidário ao aliado? Ou será que foi aquela solidariedade envergonhada, postada apenas nos stories para sumir rapidamente?

Ambos focados
Nas redes sociais dos dois prefeitos, Sérgio e Valmir, é possível perceber um foco nas gestões. Cada um, a seu modo, passou a semana mostrando obras e ações de assistência nesta Semana da Páscoa. Mostram que estão determinados a fazer grandes gestões.

Sérgio enaltece Priscila
Em entrevista ao Jornal da 102, o prefeito Sérgio Reis enalteceu a iniciativa do seu irmão, deputado federal Fábio Reis, em apontar o nome de Priscila Felizola como melhor opção para vice de Fábio Mitidieri em 2026. Sérgio elogiou o trabalho de Priscila à frente do Sebrae e disse que ela tem “a política no sangue”.

Fábio Reis lançou Priscila
A movimentação com o nome de Priscila Felizola para vice, iniciou com o deputado federal Fábio Reis. Também em entrevista a 102 FM, Fábio defendeu Priscila para vice. Consultado para explicar a movimentação, Fábio explicou que Priscila tem tido bom desempenho no Sebrae e merece representar as mulheres na chapa majoritária.

Reis no MDB
Está cada vez mais forte nos bastidores da política a informação de que os irmãos, Fábio e Sérgio Reis podem deixar o PSD e migrar de volta para o MDB. Inclusive dizem que nessa movimentação eles poderiam levar Priscila Felizola junto. A intenção seria diversificar a composição da chapa majoritária. Priscila também é filiada ao PSD.

André lavando a alma
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Fan, na última segunda-feira, o presidente do União Brasil, André Moura, lavou a alma e abriu o coração, colocando em público assuntos que geraram polêmica desde a eleição de 2024. André atacou de frente as insatisfações com Edvaldo Nogueira e Alessandro Vieira.

André lavando a alma II
Questionado sobre a formação de chapa em 2026, André usou a mesma estratégia de outros aliados do governador Fábio Mitidieri. Todos têm dito que cabe a Fábio a montagem da aliança e da chapa. Mas houve um momento em que André afirmou que tudo que disse ao longo da entrevista já era uma resposta. Ou seja, não quer dividir palanque com Edvaldo e Alessandro.

Sem objeções a Rogério
André Moura também foi questionado se teria alguma objeção à reaproximação do governador Fábio Mitidieri com o PT, com possível formação de chapa com o senador Rogério Carvalho. André não demonstrou empolgação, mas disse que não seria ele o empecilho. Atenção: essa afirmação de André merece uma análise atenta. Quer que desenhe?

Comanda a Federação
André Moura também revelou, com exclusividade, que o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, garantiu que o comando da quase certa federação entre o União Brasil e o Progressistas ficará sob seu comando em Sergipe. Para André, isso não significa subordinação de Laércio a ele, e sim um fortalecimento. Até a última segunda-feira, André e Laércio ainda não haviam conversado sobre o assunto.

Peixes estragados
A distribuição de peixes em Nossa Senhora do Socorro e Canindé de São Francisco teve momentos de tensão e de erros graves. Peixes estragados foram entregues ou expostos de forma errada. O fato merece várias reflexões. Tudo bem que as equipes das duas gestões tenham atuado para correção do problema, mas a grande questão é avaliar a forma como essas distribuições são feitas. Será que, se fossem entes privados, a Vigilância Sanitária fecharia os olhos?

Torre de Babel
A operação Torre de Babel marcou a história política de Aracaju e de Sergipe. O empresário José Antônio, alvo principal da operação, hoje está afastado da gestão da empresa por briga judicial com sua irmã e sócia. A investigação apurou suposto favorecimento na licitação feita pela Emsurb para a Torre.

Torre de Babel II
Na época da operação, o mundo político parecia estar ruindo. Muitas especulações circulavam nos bastidores, dando conta das consequências da investigação. O Deotap, comandado por Danielle Garcia, foi o responsável por convencer a Justiça de que a busca e apreensão e a prisão do empresário eram necessárias.

Torre de Babel III
Naquele momento, o Ministério Público de Sergipe concordou com as suposições levantadas pelo inquérito policial e pediu a abertura do processo criminal. Eis que, sete anos após a tramitação do processo, o mesmo MP chegou à conclusão de que não havia provas suficientes do suposto esquema e opinou pela absolvição dos réus. Como pregava Raul, todos temos direito à metamorfose.

Danielle se defendeu
Após a decisão judicial, a delegada Danielle Garcia defendeu as investigações. Ela passou a receber críticas e acusações. Nas redes sociais, muitos apontaram um uso indevido da função para ganhar representatividade e, na sequência, tentar cargos públicos em eleições. “A investigação foi conduzida com rigor”, afirmou Danielle em suas redes.

JB criticou Danielle
O ex-governador Jackson Barreto aproveitou a oportunidade e voltou a criticar Danielle Garcia. “Está provado que você queria apenas APARECER nas redes sociais e nos demais veículos de comunicação para se lançar na POLÍTICA”, afirmou Jackson.

JB usou frase infeliz
Em meio à polarização, fazer afirmações que envolvem morte nunca é de bom tom. O ex-governador Jackson Barreto cometeu esse erro. O jornalista Noblat afirmou, em matéria no seu blog, que só a fuga ou o asilo político livrariam Bolsonaro da prisão. JB então disse que a outra opção seria ele “ir para o inferno”. A frase começou a ter repercussão negativa após reproduzirmos a mesma em nossa página @comnarcizomachado.

JB usou frase infeliz II
Questionado sobre a intenção da afirmação, Jackson Barreto optou pelo silêncio. O ex-governador está em viagem com a família.

CPI na terça
Na próxima terça-feira, 22, a Câmara de Vereadores de Aracaju pode iniciar a instalação da chamada “CPI das Multas”. O requerimento deverá ser lido e o presidente Ricardo Vasconcelos deve dar os devidos encaminhamentos para composição da comissão.

André e Edvaldo
E o mundo político foi movimentado na Sexta-feira da Paixão. O Sermão do Monte, evento da Igreja do Evangelho Quadrangular, foi muito prestigiado pela classe política. Entre os presentes, André Moura e Edvaldo Nogueira. Mais uma vez, postagem do @comnarcizomachado mobilizou a noite da sexta.

André e Edvaldo II
Como já divulgado, ambos estavam de branco, o que provocou o ex-deputado federal Heleno Silva a fazer uma brincadeira que levou os dois às risadas. Heleno questionou se o branco foi sinal de “bandeira da paz”. André e Edvaldo gostaram, sorriram muito e se abraçaram. Nada de reaproximação política: encontro casual, com cordialidade e educação. O resto é teoria da conspiração.

Yandra mais fria
A deputada federal Yandra Moura também cumprimentou Edvaldo Nogueira. Porém, a postura da parlamentar foi mais comedida e discreta. Foi educada, mas sem grandes empolgações. Um aperto de mão e um rápido abraço.

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.