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"Eu fui um herói, eu nasci outra vez", diz sobrevivente de tragédia em Capela
13/01/2025
O Jornal da Fan desta segunda-feira, 13, entrevistou Hélio Souza, sobrevivente da trágica enxurrada em Capela que vitimou três pessoas no último fim de semana. Ele detalhou os momentos dramáticos, após seu carro cair e ser arrastado pela água.
“Eu fui um herói, eu nasci outra vez. Eu fui para Capela e estava chovendo muito, só que quando eu passei no local, a enxurrada estava pesada, mas não estava passando por cima da pista. Quando eu retornei, a ponta já tinha caído, só que eu não sabia que ela tinha caído. Quando eu me aproximei, já havia uma cratera. Quando eu avistei, freei o carro, mas ele não segurou e eu bati de frente já na cratera, o carro caiu embaixo, já dentro do rio, e aí a água saiu me levando com o carro”, contou Hélio.
Ele continua, descrevendo os momentos de desespero que viveu: “Consegui tirar o telefone do bolso, liguei para minha esposa, dizendo que a água estava me levando com o carro. Ela não acreditou, achou que era brincadeira, e aí a ligação caiu. Em seguida, pensei em tentar sair do carro. Tentei destravar o carro, não consegui, batia no vidro do meu carro, não quebrava. Na queda, a mala do carro abriu, e aí eu vi a água entrando pela mala. Quando andou quase um quilômetro de água, a água deu uma balança no carro, levantou um pouco do meu lado, aí a água afastou da porta. Eu consegui abrir a porta e pulei na água. Quando pulei, a água saiu me levando. Soltei o telefone e saí, tentava me agarrar em árvores, mas não tinha jeito.”
Enquanto lutava contra a água ele encontrou uma árvore que foi determinante para sua sobrevivência.
“Aí eu consegui subir em cima da árvore, e foi ela que me salvou. Fiquei boiando em cima dela.”
Hélio ficou durante toda a noite em cima da árvore aguardando o resgate até o amanhecer. Por volta das cinco da manhã, dois amigos passaram e avistaram o carro dele, se aproximaram e o ajudaram a sair da água.
“Eu não tenho nem palavras, só tenho que agradecer a Deus. O que passa na minha cabeça é os outros colegas que eu não consegui nem ver. Eu não vi eles, não vi para dar socorro. Eu também não poderia dar socorro, porque se eu fosse, ia morrer todo mundo. Meu sentimento é pela família que perdeu três. Inclusive, quando o IML veio pegar eles, eu quase chorei, porque na minha cabeça passou que eu poderia ter morrido. Isso me choca muito, eu fico muito abalado”, expressou.