A queda da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava Aguiarnópolis (TO) a Estreito (MA), gerou um debate sobre a segurança das pontes federais no Brasil. O acidente, ocorrido em 22 de dezembro do ano passado, resultou na morte de 14 pessoas e no desaparecimento de outras três.

Um levantamento realizado pelo Portal Fan F1 revelou que das 87 pontes federais em Sergipe sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), oito (veja lista abaixo) receberam nota 2 no quesito condição estrutural, indicando um estado ruim e a necessidade de reparos.

De acordo com dados do Sistema de Gerenciamento de Obras de Arte Especiais (SGO), coordenado pelo DNIT, essas pontes estão localizadas na BR-101 (5 pontes) e na BR-235 (3 pontes).

BR-101:

Cristinápolis – km 206,08
Japaratuba – km 42,06
Maruim – km 69,69
Capela – km 56,18
Estância – km 153,53

BR-235:
Laranjeiras – km 22,63
Areia Branca – km 41
Frei Paulo – km 80,52

Ponte da Cachoeira

Diariamente, milhares de veículos atravessam a Ponte da Cachoeira, sobre o Rio Piauí, localizada no km 153,5 da BR-101, em Estância, no sul de Sergipe. Construída na década de 1950, a ponte passou por alargamentos na década de 1980. O DNIT informou que as últimas intervenções de manutenção ocorreram em 2018.

A ponte é um exemplo claro dos problemas enfrentados pelas estruturas no estado. Ela apresenta graves defeitos, como fissuras no concreto e uma grande rachadura no centro da pista, que só aumenta com o tráfego intenso de veículos. Além disso, as barreiras de proteção estão incompletas e há uma tubulação abaixo da ponte que contribui para a instabilidade, especialmente quando veículos de grande porte passam, fazendo a ponte balançar.

Com o tráfego intenso de veículos pesados, moradores e motoristas que dependem da ponte enfrentam riscos constantes. Marcos Andrade, morador de Umbaúba, utiliza diariamente a ponte que liga o município a Estância e manifesta grande preocupação com a precariedade.

“Está um descaso essa ponte, cheia de rachaduras. Eu temo que o pior aconteça, como ocorreu lá no Maranhão. Isso aqui já é uma tragédia anunciada”, desabafa. O relato de Marcos reflete o temor de muitos moradores e usuários frequentes, que cobram ações urgentes das autoridades para garantir a segurança de quem transita pelo local.

Isadora Araújo também utiliza a ponte e manifesta insatisfação com sua atual condição. “Essa ponte está um perigo, cheia de rachaduras. Quando passa um veículo grande, ela balança; a sensação que dá é que vai cair”, relatou. 

Outras pontes

A situação ruim também é evidenciada na ponte sobre o Rio Sergipe, no km 22,63 da BR-235, que liga Laranjeiras a Maruim e dá acesso à região Norte do estado.  Por lá, apenas o asfalto é recente, uma vez que a camada de pavimentação foi colocada em meio a obra da duplicação da BR-101.

Manutenção

Segundo o DNIT, sete das pontes em estado de conservação ruim já têm manutenção contratada; uma está com reabilitação prevista.

“Os técnicos já iniciaram novas vistorias e a previsão é que as atividades sejam concluídas até o final de janeiro”, informou o órgão.

As vistorias consistem em uma inspeção visual das falhas detectadas em verificações anteriores, além da identificação de novos defeitos, ocorrências e a análise de reparos, reforços, recuperações e modificações de projeto realizadas durante o período.

De acordo com Halpher Luiggi, superintendente do DNIT em Sergipe, a tragédia no Maranhão ensejou uma revisão do cronograma de manutenção das pontes. O serviço, que antes era realizado a cada dois anos, passará a ser feito anualmente.

Pontes estaduais

Por orientação do Governo do Estado, o DER/SE vai intensificar os serviços de inspeção em pontes estaduais. De acordo com o cronograma, as ações estão voltadas às pontes Jornalista Joel Silveira, sobre o Rio Vaza-Barris, na divisa de Aracaju e Itaporanga D’ajuda; Gilberto Amado, sobre o Rio Piauí, entre Indiaroba e Estância; Construtor João Alves, entre a capital e a Barra dos Coqueiros.

“Para assegurar a melhor qualidade possível na prestação dos serviços, uma equipe técnica do DER/SE está empenhada em acompanhar o reforço dos trabalhos”, ressalta o diretor-técnico, Igor Albuquerque.