O que é necessário para demarcar um ano como ‘histórico’? Não são apenas elementos subjetivos que definem o marco temporal de 365 dias como período histórico, são necessários fatos relevantes que tenham impactado a sociedade. 2024, sem dúvidas, foi um ano histórico.

A direita e a extrema-direita avançaram no mundo, alcançaram resultados significativos em vários países europeus. Surgiu o Javier Milei na Argentina tentando impactar a América Latina, Trump de volta ao comando dos Estados Unidos com seu populismo nacionalista e acompanhado do Elon Musk. Na Alemanha, partido que defende o nazismo obteve sua melhor votação, o que é preocupante do ponto de vista da vida para a humanidade e do ponto vista social, uma possível influência de ameaça à democracia em várias Nações.

Se existissem livros escolares voltados única e exclusivamente para contar a história de Sergipe e de Aracaju, algumas páginas deveriam ser dedicadas a Emília Corrêa. A primeira mulher a gerir os destinos da Capital de todos os sergipanos. Quis o eleitorado, num contexto que não se resume apenas às qualidades e méritos dela, que fosse uma mulher de direta, sem identidade partidária, cristã e conservadora, a quebrar o paradigma histórico. Ou como ela prometeu, “furar a bolha do sistemão”.

Emília tem grandes desafios pela frente. Recebe uma Aracaju organizada financeiramente, com grana em caixa e sem paralização de serviços públicos. São muitas as suas promessas, entre elas, a mais esperada é a revolução na Saúde. Na formação de sua equipe, nem todos os nomes inspiram confiança, uns por serem ‘desconhecidos’, outros por carregarem a frase ‘teu passado te condena’. Houve nomes que também surpreenderam positivamente e casaram política e técnica na escolha. Que venham bons resultados, o povo aracajuano merece.

Sem crise financeira, Sergipe teve um ano de bons resultados. Manteve a obrigação do pagamento de funcionários em dia, fornecedores recebem em prazo razoável, ganhou a melhor avaliação da história em capacidade de endividamento, além de fortalecer o serviço público com concursos. O funcionalismo não teve tudo que queria, mas teve avanços. O desemprego diminuiu, o Turismo obteve um dos melhores resultados do Nordeste. As obras, enfim, parecem estar sendo destravadas. Esses dados devem influenciar positivamente em 2025 a percepção da sociedade sobre a atuação do governador Fábio Mitidieri.

A partir do próximo dia 31, a pergunta que mais se fará no universo político de Sergipe será a seguinte: é o fim da era Edvaldo Nogueira? Finalizando seu quarto mandato, Edvaldo mantém, na avaliação de muitos, o defeito de não ser uma liderança política de grupo. Sua imagem estará sempre atrelada ao fato de não ter bancada e de, em duas oportunidades, não conseguir fazer seu sucessor. Além da imagem, Edvaldo não tem outro peso para colocar na mesa de negociação por espaços em 2026.

Há quem diga que ele espera o resultado da gestão de Emília para voltar a disputar a Prefeitura de Aracaju. A vaga do Senado, em 2026, dizem ter ficado complicada. André Moura não medirá esforços para travar a candidatura dele. Edvaldo garante que terá, a partir de 2025, um comportamento diferente, assegura diálogo constante e visitas ao Interior. Mais que determinação, precisará de habilidades.

2024 se vai com seus marcos e 2025, não diferente de outras viradas, chega com incertezas, mas sempre com muitas esperanças. Feliz 2025!

NOTAS DA SEMANA

Notas em retrospectiva
As notas desta Domingueira trazem uma retrospectiva de fatos e marcas de 2024. Consolidações, superações, derrotas, expectativas. Se sentir falta de algo ou discordar de alguma, comenta no Instagram @portalfanf1 ou mande seu áudio para o Jornal da Fan através (79) 99952-5714.

Novos líderes
Após 2022 e 2024, Sergipe ganha dois líderes consolidados no campo do centro político: Fábio Mitidieri e André Moura. Juntos, eles possuem o comando de mais de 45 prefeituras. Além disso, possuem influência em partidos que têm bases nas Câmaras dos diversos municípios, em Aracaju e na Assembleia Legislativa de Sergipe. Não há outros líderes com lastro tão grande.

Fábio arriscou
A política tem a tradição da centralização de decisões e de poder. Este ano de 2024, Fábio Mitidieri arriscou. Durante as eleições fez composições com André Moura em diversos municípios, mas, em Aracaju, respeitou o desejo dos aliados. Edvaldo não abriu mão de Luiz Roberto e André quis lançar candidatura própria do União Brasil com Yandra. Há quem diga que isso motivou a derrota, outros avaliam que não fosse Yandra, a vitória de Emília viria no primeiro turno. O certo é que, no final, André saiu contrariado do mesmo jeito.

Fábio e a responsabilidade fiscal
O governador Fábio Mitidieri ampliou a responsabilidade fiscal no governo de Sergipe, resultado da acertada escolha de Sarah Tarsila para a Fazenda. Além de liderar bem o Fisco, Sarah implantou ações de avanço na tecnologia e isso tem trazido resultados positivos na arrecadação e na gestão.

Fábio x Sintese
Um erro cometido por Fábio, em 2024, foi rivalizar com o Sintese acima da necessidade. Entregas importantes foram feitas e acabaram encobertas pelas polêmicas. Alguém precisa dizer ao governador que caso o PL lance algum nome em 2026, o voto progressista pode ser fundamental para ele.

André Moura jogou bem
Os resultados do União Brasil mostram que André Moura jogou bem em 2024. Além do número de prefeituras, ele ampliou votação em Aracaju. Para o Senado, em 2018, André obteve 30.204 votos, Yandra, em 2022, garantiu 13.629 votos. Em 2024, o União Brasil fez bancada na Câmara e Yandra com seu grupo chegou a pouco mais de 43 mil votos. Esse é o cálculo que tem que ser feito.

Rogério muda rota
Passados dois anos criticando o governo Fábio Mitidieri, apontando suposta fraude eleitoral, o senador Rogério Carvalho surpreendeu ao declarar que não descarta voltar a dialogar com o governador para 2026. Rogério fez esta afirmação em novembro durante entrevista em Brasília ao Jornal da Fan.

Rogério e Valmir líderes
Na oposição, podemos apontar que os líderes são Rogério Carvalho e Valmir de Francisquinho. Rogério no campo progressista, que não teve crescimento considerável em 2024, e Valmir com influência no Agreste, mas bastante desgastado na Grande Aracaju após o acordo que fez, assumindo irregularidades no caso do matadouro.

Márcio Macedo tranquilo
Será que houve uma semana de 2024 em que algum veículo de comunicação, ou de rede social, não tenha especulado a saída de Márcio Macedo do ministério? Ao fim do ano, ele deu um xeque mate, disse que o cargo era do presidente e que cabe a ele decidir. Mostrou transparência e tranquilidade.

Ricardo é liderança emergente
O presidente da Câmara de Vereadores se consolidou como uma liderança emergente. Consegue hoje influenciar na política com direito a voz, é cotado para voos mais altos e, mais que a reeleição com o apoio de Emília Corrêa, ele conseguiu espaços técnicos na gestão. É capacidade para poucos.

Jeferson deu tranquilidade
O presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), Jeferson Andrade, deu tranquilidade para a gestão Fábio Mitidieri, com a condução do trabalhos na Casa. Fábio não teve dificuldades para aprovar seus projetos e, como tem ampla maioria, abafou um pouco o trabalho da oposição.

Isac de pedra para vidraça
O vereador Isac Silveira saiu de pedra para vidraça. Deixou a oposição a Edvaldo e passa a líder de Emília. Uma trajetória de três mandatos. Do PCdoB para o União Brasil, e liderança do PL. Habilidoso ele é, e contará com o apoio de Ricardo Vasconcelos para manter a base unida.

Moana na Mesa Diretora
A vereadora de primeiro mandato, Moana Valadares, foi alçada a membro da futura Mesa Diretora. Mostra habilidade, porém, sua presença pode levar Ricardo Vasconcelos a não ter a unanimidade dos votos. Fica a dúvida de como serão os votos do PT e do PSOL.

Moana muito criticada
Após apresentar sugestão de monitoramento de professores em sala de aula, a vereadora Moana Valadares foi bastante criticada nas redes sociais. Bolsonarista, Moana já demonstra que fará um mandato com pautas polêmicas.

Milton com foco
O presidente da Agência Sergipe de Desenvolvimento, a Desenvolve-SE, Milton Andrade, teve o grande desafio de, em 2024, dar vida ao órgão. Com sede organizada e equipe montada, ele pretende fazer um 2025 de maior visibilidade. Milton foi responsável por ajudar na condução da concessão da DESO.

Jorginho e o ‘fogo amigo’
Se tem um membro do secretariado de Fábio Mitidieri que enfrentou um 2024 de ‘fogo amigo’, esse foi Jorginho Araújo, chefe da Casa Civil. Criticado por aliados insatisfeitos, Jorginho foi fritado nos bastidores, mas a relação de confiança e lealdade com o governador ajudou a superar. O resultado político de sua atuação também foi fundamental.

Cleon e a Comunicação
2024 compensou o erro de 2020, quando Belivaldo resolveu extinguir a Secom. De volta à estrutura do governo, a Secom ressurge e continua comandada por Cleon Nascimento. Agora, com uma nova roupagem e nova estrutura. Acerto de Fábio e méritos de Cleon e equipe, que passaram os dois últimos anos nessa transição.

Priscila Felizola surpreende
A advogada Priscila Felizola surpreendeu no comando do Sebrae e na forma como se comunicou e posicionou ao longo de 2024. O Sebrae alcançou reconhecimento nacional e Priscila criou boa imagem. Em 2026, ela disputará vaga para a Câmara Federal, está anotado.

Cristiano e Silvany enterraram
O deputado estadual Cristiano Cavalcante e a prefeita de Capela, Silvany Mamlak, impuseram mais uma derrota a Sukita, que pode ser considerada como a causadora da derrocada política do ex-prefeito. Dificilmente, Sukita conseguirá ressurgir das cinzas. Parte disso são erros dele, que criou muitos inimigos e poucos aliados em Sergipe.

2024 na Comunicação
2024 também foi um ano de mudanças no mercado da Comunicação. No rádio, há novos nomes surgindo e se consolidando, a exemplo de Raimundo Moraes, da Aperipê FM, e Kleber Alves da Rádio Cultura. Os experientes Jailton Santana, Jairo Alves, Ferreira Filho e Messias Carvalho mantiveram seus públicos. Marcos Aurélio, experiente apresentador no radiojornalismo, tem mostrado que os profissionais podem fazer um trabalho de relevância usando, com inteligência, as redes sociais. A Domingueira deseja mais e mais sucesso a estes e outros colegas, que, com respeito, ética e dedicação, estão crescendo. Um 2025 de prosperidade a todos!

Agradecimento da Domingueira
Foi um ano de muito trabalho. A equipe da Domingueira agradece a fidelidade de você, caro leitor, cara leitora. Para chegarmos até aqui, contamos com a colaboração de Diego Rios, que hoje se despede da equipe da Coluna. Agradecemos o competente trabalho do colega e desejamos sucesso.

Feliz 2025
Que seja um ano de realizações e superações. Muita saúde e paz para você! Com essas duas coisas, a gente conquista nossos sonhos. Até 2025! Obrigado!