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Cientista político alerta sobre alto índice de abstenção nas eleições: "O voto no Brasil está se tornando um voto facultativo"
Da redação
31/10/2024
No último domingo de eleições, Aracaju teve alto índice de abstenção, com mais de 104 mil eleitores ausentes no pleito, o que representa 25,16% do eleitorado apto a votar. Na entrevista concedida ao Jornal da Fan desta quinta-feira, 31, Jairo Nicolau, doutor em Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV) opinou sobre o alto índice nas eleições por todo o país.
“Esse é um fenômeno que a gente tem que ficar de olho. Essa eleição não foi a que teve maior abstenção, foi a do ano passado, quer dizer, a última eleição municipal de 2020, obviamente porque ela foi realizada no meio da pandemia, mas mesmo em cidades como São Paulo, Rio, Belo Horizonte, a abstenção agora no segundo turno venceu a abstenção da pandemia. Em algumas cidades, ela está se aproximando de 4 de cada 10 eleitores que estão em casa. Então é um fenômeno, nós estudiosos da política brasileira temos que ficar atentos nisso”, alertou o especialista.
O cientista político chamou a atenção de quais motivos estariam levando o eleitor a não exercer o voto obrigatório.
“O que o eleitor está sinalizando? Boa parte do eleitores não gosta de política, boa parte dos eleitores não gosta do cardápio oferecido para ele no segundo turno, e ele prefere ficar em casa. A punição é baixíssima, a multa é de R$ 3,40, é menos do que uma passagem de ônibus, pelo menos aqui no Rio de Janeiro. Então ele fica em casa, aí depois, lá na frente, se ele precisar apresentar o comprovante, ele vai no ‘Justifica’, vai no cartório eleitoral e resolve a vida dele. Então, cada vez mais o voto no Brasil está se tornando um voto facultativo. […] Como a punição é baixa e você agora justifica na mão, no celular. Você viaja para uma cidade vizinha, tá lá, o GPS identificou que você tá lá, acabou, né?”, completou.