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"As eleições municipais nunca condicionaram o que aconteceu dois anos depois", diz cientista político
Da redação
31/10/2024
Nesta quinta-feira, o Jornal da Fan entrevistou Jairo Nicolau, doutor em Ciência Política, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Durante a conversa, o especialista analisou os resultados das eleições municipais 2024 e argumentou que o pleito deste ano não representa um prognóstico para as eleições federais em 2026.
“Para fazer prognóstico do que vai acontecer em 2026, se foi uma avaliação direta do governo Lula… não, não foi nada disso. Ah, se Bolsonaro ganhou, se Lula perdeu, eu acho que você faz um esforço, assim, de uma conversa entre amigos, de botequim, de família, mas, analiticamente isso não vai muito longe. Se eu tivesse que resumir eu diria: o Brasil que sai das urnas em 2024 se parece bastante com o Brasil que saiu das urnas em 2020. Não teve nenhum partido que explodiu, nenhum partido que acabou, são tendências”, analisa.
O especialista opina que não é correto relacionar as eleições municipais com as eleições nacionais. “ Eleição para o prefeito, para as câmaras municipais, são levantadas pelas lógicas municipais e raramente é uma eleição que se nacionaliza. Isso não quer dizer que ela não tem importância, que ela não sinalize uma série de coisas.[…] Quando eu falo nacionalmente, o partido ganhou ou perdeu, isso interessa bem mais gente e a imprensa enfatiza os aspectos nacionais. E, às vezes, força a mão em fazer essa conexão ao que aconteceu e como isso vai determinar o que virá em 2026. Acho isso bobagem. As eleições municipais nunca condicionaram o que aconteceu dois anos depois, mas a gente não aprende a lição”, disse o cientista político.
Apesar da dissociação entre as eleições municipais e federais, Jairo Nicolau trouxe uma panorama geral e destacou o crescimento do Partido Liberal (PL), sigla da prefeita eleita em Aracaju, Emília Corrêa. “Nas cidades em que há dois turnos, cidades com mais de 200 mil eleitores, nós observamos o crescimento do PL. Hoje o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, é o partido mais votado nas eleições do Brasil, tirando aí do PT essa posição. O PT não foi mal, chegou em quarto, depois do MDB e do PSD, eu digo só nas grandes cidades, esse é o fenômeno das eleições, o crescimento de uma direita mais ideológica, mais doutrinária, que hoje está mais organizada no PL. Esse partido foi muito bem”, descreveu.