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Milton Andrade x Silvio Sá discutem projeto de concessão da Deso, confira o debate na íntegra

Da redação

23/01/2024


O Jornal da Fan desta terça-feira, 23, foi marcado por um intenso debate sobre a concessão e possível privatização da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso). De um lado Milton Andrade, presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado, favorável ao projeto e, do outro, Silvio Sá, representante da categoria de trabalhadores do setor.

Para Milton, a concessão precisa ser feita, pois ele afirma que a Deso não tem capacidade de cumprir o marco regulatório de saneamento. “Foram estabelecidas três grandes metas, poderia dizer que, aliás, a penalização por não atingir essas metas é deixar de receber verba federal por transferências voluntárias. Ou seja, a União para de investir em Sergipe, se não as atingir, no setor de saneamento.”

Entre essas metas, Milton aponta que o gargalo está no tratamento de esgoto em Sergipe. “É [preciso] que 90% do esgoto seja tratado para a população, hoje tem pouco mais de 40%, considerando as obras em andamento, chegaríamos a 52% do esgoto tratado. Para atingir a meta aos 90% são necessários mais de R$ 6 bilhões. E eu pergunto, o Estado tem esse recurso disponível? Obviamente que não. Os municípios têm esse recurso disponível? Muito menos. A própria Deso tem esse recurso disponível? Obviamente que não”, disse Milton.

Por outro lado, Silvio Sá, que é presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Sergipe (Sindisan), rebateu os argumentos de Milton Andrade.

Sobre os montantes, que o Milton Andrade falou, R$ 6 bilhões que a Deso não teria para cumprir as metas do novo marco regulatório. É bom que se frise que, se nesses dez anos, a Deso e outras estatais ou empresas privadas, que não cumpram as metas do novo marco regulatório, elas terão ainda sete anos de ágio, até 2040. Se o governador Fábio Mitidieri for reeleito, ele terá oito anos de mandato, ou seja, ele terminará os 2 mandatos e não terá essa responsabilidade de cumprir todas as metas. Outros governantes, que na cadeira do Palácio Olímpio Campos sentem, tendo a Deso pública, conseguirão sim essas metas”, alegou Silvio.

Além disso, o presidente do Sindisan questionou se alguma empresa privada teria capacidade de atingir a meta financeira para essas obras. “Eu quero saber se esse montante de investimentos de R$ 6 bilhões, ‘que a Deso não tem’, uma empresa privada vai levar obra onerosa de coleta e tratamento de esgotamento sanitários para as pequenas cidades: para Telha, para Muribeca, para Santa Luzia do Itanhy, que são obras caríssimas e o retorno financeiro vai levar 25 a 30 anos. Empresa privada não vai levar essas obras”, afirmou.

Questionamentos dos ouvintes

Os dois ainda responderam questionamentos dos ouvintes, Milton Andrade alegou que não haverá, por exemplo, o reajuste na conta de água. “A tarifa em Sergipe é tão cara que eu não preciso nem dizer que não haverá reajuste; estará em edital, estará em contrato com a concessionária que, durante 3 anos, não há aumento real, apenas reposição inflacionária, como já funciona hoje com a própria Deso. Então é garantido à população que não haverá nenhum tipo de reajuste. E como a Deso já tem a segunda tarifa mais cara do Nordeste, se faz desnecessário esse tipo de reajuste. Além disso, já se torna atrativo economicamente para qualquer empresa pegar uma empresa que já cobra a segunda tarifa mais cara do Nordeste”, argumentou Milton.

Silvio, por outro lado, não poupou críticas ao que foi dito pelo presidente da Agência de Desenvolvimento. “O Milton vende muito bem o peixe dele; quem ouve o discurso de Milton diz que é um discurso bonito. Eu considero a defesa dele como um vendedor. Você já entrou numa loja para dizer que o que você está provando é uma coisa ruim? Não tem esse vendedor. Mas o que ele está vendendo, eu vou comparar no comércio, a gente, do nosso lado, é como se estivéssemos vendendo uma roupa popular, um bem público, a água. O Milton vende, trata a água como uma loja de shopping de grife internacional, que a classe média alta aceita o argumento dele, mas o bolso da população não vai aceitar”, disparou o presidente do Sindisan.

Confira abaixo o debate na íntegra durante o Jornal da Fan.

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