Artigo: As formigas de asas

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Por Elton Coelho

Já choveu. Orvalhou. E as formigas de asas deram vida. Anunciaram as chuvas do verão, que dão uma trégua ao calor. Até enche os tanques, ainda que de logo, logo.

Mas há renovação da vida. Assim são os dezembros e janeiros do Nordeste. De olho, fagamos sobejamente o março. No fevereiro, nos agonizamos pelo São José. É a prece de 19, pra chover bem “moiado” e nos dar colheita em São João. De resto um tudo. De tudo que começa nas trovoadas do dezembro, que perpassa nossa prosa e verso pra alimentar nossa esperança voando, tal qual as formigas que batem asas agora, anunciando os relâmpagos da época mais seca do ano.

Pra finalmente festejar os santos juninos, Antonio, João e Pedro, com colheita e fartura, a abençoar o viril sertanejo, a mulher nordestina, o povo que cultua sua fé, sem perder, sem perder jamais, sua ternura.

Viva o ciclo da vida nordestina, ainda que sucumbida às ofensas humanas da intolerância e a ganância da riqueza, mudando o sentido da natureza, ora por extremas secas, ora por inundações arrebatadoras, fazendo de um aquecimento superdimensionado o desvio dos caminhos naturais da vida.

Vivam as formigas de asas. Elas estavam certas. Choveu bem na madrugada e começo da manhã.

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