Em entrevista ao Jornal da Fan, da rádio Fan FM, nesta sexta-feira, 22, o economista Rodrigo Rocha fez uma análise do cenário empregatício no país, como foco nas mudanças trazidas pelas novas tecnologias para as demandas de empregadores e preferências do mercado consumidor em todo o mundo.
“Qual é o grande desafio, em especial, nesse momento que a gente está vivendo? A gente está vivendo uma migração de empregos. Não é que os empregos estão deixando de existir, eles estão migrando de atividade, de uma atividade para outra, ou seja, a gente estava falando aqui, por exemplo, dos supermercados e outras atividades econômicas que você, ao invés de ter um atendente físico, uma pessoa ali atendendo, você tem caixas que você consegue passar a sua própria compra e, automaticamente, você já saiu com a sua compra e aquele emprego deixou de existir”, aponta o economista.
Em suas palavras, algumas ocupações mais tradicionais estão sendo substituídas por instrumentos e dispositivos tecnológicos. Assim, há uma migração da intervenção humana da ação direta nesses trabalhos para a geração e manutenção das tecnologias.
“Você tem que preparar as pessoas para essa nova realidade, para esse novo desafio. E aí, por exemplo, um desafio para as academias, para as universidades e instituições de ensino de forma geral: um curso que dura quatro, cinco anos, quando você sai desse curso, a sua formação já não lhe permite mais entender o que está acontecendo no mundo. Se você fica apenas com aquele conhecimento dado durante a formação acadêmica, você não está preparado para o mundo real”, completou.
Na oportunidade, o economista defendeu a busca por qualificação, alinhada às novas tecnologias, para adequar a população às necessidades do mercado de trabalho.
“Aqui em Sergipe, você vai ter, por exemplo, ao longo dos próximos três, quatro anos, uma demanda muito grande por formação de mão de obra que você não tem hoje preparada. A gente tem, por exemplo, aí uma expectativa de investimento muito grande na área de petróleo e gás, onde vai ter aqui empresas, a gente vai ter muitas empresas entrando no mercado para atender às demandas desses investimentos. Só que o desafio que a gente tem é que a gente precisa começar a preparar as pessoas hoje para esse momento. Por quê? Chega lá 2026, 2027, a empresa entra no estado, não tem mão de obra daqui, traz a mão de obra de fora. Então, o que a gente precisa é qualificar as pessoas a partir de agora. Só que aí muita gente, infelizmente, não enxerga essa necessidade de estar se qualificando”, disse Rodrigo Rocha.
O economista também defendeu a digitalização dos serviços como uma ferramenta necessária para garantir a sustentabilidade das empresas brasileiras.
“Essas empresas que não estão no mundo virtual, e aí você pega as grandes lojas de varejo do país, sofrendo com a concorrência da China. Por quê? Porque a China montou uma logística de vender em qualquer lugar do mundo rápido e barato. A empresa brasileira foi ficando para trás. E aqui em Sergipe a gente ainda tem muita resistência de muitos empresários de entender isso”, finalizou.