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Petróleo branco do Sertão: a cadeia produtiva do leite em Sergipe
Por Antônio Cardoso
02/06/2023
No pequeno povoado de Pau do Cedro, localizado na cidade de Monte de Alegre de Sergipe, Wellington Dantas ousou sonhar além do seu pequeno terreno com cerca de 9 tarefas de extensão, o equivalente a 2,7 hectares de terra, onde cria 12 animais em lactação.
As vacas, que receberam os nomes como Mimosa e Gaúcha, produzem cerca de 280 litros de leite por dia. Sustento do produtor rural, dos seus dois filhos e da mulher, em que todos trabalham na propriedade e fazem o pequeno negócio girar.
A cidade de Nossa Senhora da Glória chama a atenção dos sergipanos, devido ao seu crescimento acima do projetado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2010, o município possuía 32.497 habitantes, mas o último censo realizado mostrou que pulou para 41.267 glorienses, que agora formam a 10ª cidade mais populosa do estado de Sergipe, em meio ao clima seco do Alto Sertão.
Em Sergipe, a produção de leite bateu recordes. De acordo com dados divulgados pelo IBGE no ano passado, foram mais de 430 milhões de litros produzidos no estado em 2021, um aumento de 20,9% em relação ao ano anterior.
Ainda segundo o IBGE, o município que lidera a produção de leite é Nossa Senhora da Glória (66,7 milhões), que está no centro da região conhecida como Bacia Leiteira, no Alto Sertão Sergipano.
Para entender como essa cadeia se desenvolve, visitamos um dos locais que garante que a mão de obra do sertanejo não saia mais do território árido. Pois, hoje, é possível ter uma vida digna onde antes era apenas campo de um intenso êxodo urbano.
Entre os grandes tonéis e ferramentas industriais, o cheiro é forte e, às vezes, não muito agradável, mas é necessário. Afinal de contas, o leite é um alimento vivo e precisa passar por diversos processos para se transformar em outros produtos como queijos e manteigas.
Para movimentar toda essa cadeia, não existe apenas a produção, mas também a compra do leite. Pois, ainda de acordo com os dados do IBGE, Sergipe chegou a ser o décimo estado que mais adquire leite no país e o segundo na região Nordeste, atrás apenas da Bahia.
Nos últimos três anos, o estado vem crescendo na compra desse recurso. É o que mostra o levantamento do IBGE, tomando por conta os três primeiros trimestres de cada ano.
Nos primeiros nove meses do ano passado, Sergipe comprou cerca de 280 milhões de litros de leite. Em 2021, esse número foi de 223 milhões e, em 2020, os dados mostram que apenas 193 milhões.
Assim como o petróleo, a cadeia produtiva do leite começa na terra, com a plantação do milho. Logo ao lado de Nossa Senhora da Glória, ainda no Alto Sertão Sergipano, produtores rurais da pequena cidade de Feira Nova aproveitam para plantar o principal grão exportado pelo estado.
Mas onde o milho entra na história?
Em entrevista divulgada, no final do ano passado, pela Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca, o gestor das pasta Zeca da Silva vê com orgulho os resultados da produção sergipana.
“Já comentamos da nossa alegria pelo resultado recorde da produção de grão, em especial do milho, e agora outra notícia muito boa no encerramento do ano com resultado positivo na produção de leite e ovos. Esse crescimento já era esperado e, a meu ver, é consequência dos investimentos realizados pelo Governo de Sergipe – a exemplo da inseminação artificial, incentivos fiscais, regularização dos laticínios, disponibilidade de crédito pelos agentes financeiros, como também pelo importante investimento em tecnologia por parte dos produtores que buscam cada vez mais a profissionalização em seus empreendimentos”, disse o secretário Zeca da Silva.