Na manhã desta quinta-feira, 24, o mais novo vereador de Aracaju, Elber Batalha (PSB), foi entrevistado no Jornal da Fan, da rádio Fan FM. Na ocasião, o parlamentar abordou o seu retorno à Câmara após a cassação dos vereadores Fábio Meireles e Sávio de Vardo da Lotérica, ambos do PSC, por fraude à cota de gênero.

“Não os enxergo como cúmplices dessa fraude, mas os vejo claramente como coniventes com essa fraude. Sobretudo o vereador Fábio Meirelles, ele convivia com esse grupo político há três eleições, as candidatas laranjas foram pessoas que integravam esse grupo. Foi uma irmã do líder do grupo político, uma sobrinha, uma funcionária do partido e outra senhora que era vizinha de um funcionário do partido, que no depoimento disse ‘eu dei meu nome para eles botarem, porque meu vizinho disse que o emprego dele dependia dele arranjar mulheres para dar o nome para ser candidata’. Eram pessoas da convivência”, disse Elber.

E continuou: “Uma das senhoras, que era a irmã do líder do grupo político, era assessora do ex-deputado André Moura na Câmara Federal, que era o presidente do PSC. Então, não foi uma fraude articulada fora da convivência do seio partidário interno. Eles podem não ter articulado, mas eles sabiam, e quando você sabe, quando você é conivente com a coisa errada, você tem que arcar com as consequências dessa coisa”.

O agora vereador destrinchou um pouco mais como se deu o “esquema” para burlar a cota de gênero e conseguir inscrever mais vereadores homens na chapa.

“O PSC lançou naquela eleição 32 candidatos a vereador e 10 desses candidatos, entre aspas, supostamente mulheres. Só que, na verdade, o PSC só teve seis candidatas mulheres de verdade. E com seis candidatas de verdade, sabe quantos candidatos no total ele podia ter? 18. Por que a proporção da lei eleitoral são dois para um. Eles tiveram 14 candidatos a mais do que poderiam ter por causa dessa fraude. Sabe quantos votos esses 14 candidatos a mais tiveram? Mais de mil. Sabe quantos votos eles passaram de mim na contagem e me tiraram o mandato? 64. Essa fraude me tirou dois anos e oito meses de mandato, porque eles lançaram candidatos fraudulentos, as mulheres foram o pretexto, mas por conta delas eles puderam lançar mais 10 candidatos homens. Isso faz toda a diferença no contexto eleitoral”, lamentou Batalha.

Sobre a atuação do Tribunal Regional Eleitoral em Sergipe (TRE/SE), Elber também tem suas críticas e classifica a decisão sobre a temática tomada pelo órgão “extremamente conservadora”.

“O TRE daqui, eu respeito, mas discordo plenamente. O TRE daqui fez assim, no relato dos votos, eles confirmaram que ocorria tudo aquilo que eu dizia, mas disseram ‘ao meu ver isso não era suficiente para configurar que elas eram fantasmas’. Se aquilo nãoera suficiente, o que mais era? E eu peço licença para fazer uma ressalva, a atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral, doutora Elvira, foi um dos únicos votos a meu favor reconhecendo a fraude. O TRE de Sergipe foi um dos mais conservadores do Brasil, todas as fraudes de cota de gênero que passaram pelo TRE de Sergipe foram perdoadas e cassadas no TSE, mostrando que o TRE, nessa linha, foi extremamente conservador e, como disse a ministra Carmen Lúcia, extremamente numa interpretação elástica, condescendente”, pontuou Elber.

E finalizou: “Não guardo rancores, isso é fato passado. Eu busquei seguir o caminho das pessoas de bem, que é a Justiça”.