Os bastidores de 2022 fervilhavam de informações e expectativas na proximidade da data limite para Valmir de Francisquinho fazer uma possível substituição e a chapa seguir sem a inelegibilidade. A onda era tão forte, que o nome escolhido teria reais chances.
Dizem personagens políticos daquele episódio, que Edivan Amorim vetou a substituição, principalmente por Emília Corrêa, candidata a vice na época. O empresário ainda teria garantido ao Pato que a pendenga jurídica seria superada.
Todos lembram como tudo terminou. Hoje, ainda presidente do PL, partido pelo qual Emília tem larga vantagem para vencer as eleições, ele enxerga na vitória da vereadora a sua redenção. Edivan e Eduardo podem, inclusive, vir a fazer parte do secretariado, a própria Emília não descartou essa possibilidade em entrevista à TV Atalaia no mês de agosto.
Relembremos a ascensão de Edivan: após anos nos bastidores ajudando João Alves, ele ganha protagonismo após ter feito do irmão o deputado federal mais votado em 2006, com mais de 115 mil votos, e senador com votação histórica em 2010. Os recordes não ajudaram e Edivan Amorim viu naufragar seu sonho de comandar Sergipe. São 20 anos de derrotas, marca que pode estar perto de ser quebrada.
Edivan cumpre, nessa campanha de Emília Corrêa, o mesmo papel que cumpriu nas campanhas do irmão. Segundo uma fonte do PL, ele é um exímio conselheiro e articulador. A fonte diz ainda que, com ou sem autorização de Emília, Edivan faz interlocução com lideranças da política e de instituições importantes. Diz a fonte, inclusive, que ele mantém constante diálogo com o governador Fábio Mitidieri.
Após a vitória histórica de 2010, quando Eduardo Amorim obteve mais votos que o governador reeleito Marcelo Déda, o então senador eleito saiu das urnas com a sensação de que seria eleito governador em 2014. Passou quatro anos em campanha. Na política, entre 2010 e 2014, Edivan comandou uma ruptura na base de Déda e deu muito trabalho ao petista. Todos lembram da tensionada liberação do empréstimo do Proinvenst.
Em 2014, Jackson Barreto entrou no pleito extremamente fragilizado, mas virou a disputa e venceu. Em 2018, Edivan Amorim não conseguiu comandar a união das oposições. Valadares rompe, encampa a candidatura do filho Valadares Filho, que passa ao segundo turno, deixando Eduardo sem mandato.
Chega 2022 e Edivan Amorim, mais uma vez, usou toda a sua habilidade para deixar Eduardo em situação favorável.
Voltando ao início do texto, quando é citado o veto de Edivan para a não desistência de Valmir, a medida teve um único objetivo, manter vivo o principal cabo eleitoral de Eduardo Amorim, que disputava a vaga do Senado. Não teria existido outro motivo, a não ser, mais uma vez, voltar a ter mandato para influenciar.
Faltam 14 dias para as eleições e a decisão soberana do povo. Como Emília tem larga vantagem, podemos usar uma linguagem futebolística para exemplificar o sentimento de Edivan Amorim neste momento. É aquele gosto de estar, ‘com a mão na taça’. Com a decisão, o povo!
NOTAS DA SEMANA
Fábio chama a responsabilidade
O governador Fábio Mitidieri chamou a responsabilidade neste segundo turno das eleições de 2024. Ele assumiu o protagonismo das articulações políticas, tentando a reaglutinação de seu agrupamento em torno de Luiz Roberto. É uma atitude de risco, mas que mostra a postura destemida de Fábio e sua posição de cumprir acordos.
Fábio x Valmir
A disputa pelo segundo turno da Prefeitura de Aracaju não é uma disputa só entre esquerda e direita. O foco está também na batalha entre o governador Fábio Mitidieri e o prefeito eleito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho. Os aliados de Fábio e Valmir têm dito que é essencial compreender esse cenário, pelo fato de a Capital sergipana abrigar o maior colégio eleitoral do Estado e ser um dos trampolins de qualquer agrupamento para as eleições de 2026.
Fábio x Valmir II
Atualmente, o governador Mitidieri tem uma vantagem significativa, conquistou a liderança em 26 prefeituras pelo seu partido, o PSD. Somando às demais prefeituras do agrupamento, o total chega a 64 municípios, o que o posiciona estrategicamente para a reeleição em 2026. O que está em jogo é a configuração do poder no Estado nos próximos anos.
Valmir se engajou
Valmir de Francisquinho já se engajou na campanha de Emília Corrêa. Esteve em Aracaju na última sexta-feira e rodou alguns bairros da Capital. Mesmo quando não está na Capital, ele não tira o adesivo de Emília do peito.
MDB com Luiz Roberto
O senador Alessandro Vieira e a delegada Danielle Garcia reuniram o diretório de Aracaju e, por unanimidade, os membros decidiram pelo apoio a Luiz Roberto. Após a decisão, uma nota foi emitida. Ontem, uma reunião foi realizada para ratificar o apoio. Segundo Alessandro, Luiz é “o melhor caminho”. Ele convocou ainda os membros da agremiação a unirem forças e trabalhar com dedicação.
MDB com Luiz Roberto II
“A decisão reafirma minha coerência de que sempre faremos política com posicionamento”, argumentou Danielle Garcia. A delegada afirmou que esse é o melhor caminho para Aracaju avançar e avisou a Luiz: “eu sou chata”, alertando de que irá cobrar resultados.
Yandra vai de neutralidade
A deputada federal Yandra Moura, terceira colocada no primeiro turno, convocou coletiva para amanhã, quando deverá anunciar que ficará neutra neste segundo turno.
Yandra vai de neutralidade II
Após consultar seus aliados e analisar repercussão de possível apoio a um dos dois candidatos, Yandra decidiu não tomar posição e liberar os filiados do União Brasil e demais partidos do seu agrupamento.
PT com Luiz?
Candisse Carvalho e dirigentes do PT anunciaram que seguirão a decisão do PT nacional e votarão em Luiz Roberto neste segundo turno. Contudo, no discurso de anúncio foram feitas mais críticas que uma convocação de voto no candidato supostamente apoiado. Soou estranho.
PT com Luiz? II
Com a rivalidade para 2026 posta, comenta-se, nos bastidores, que a maioria do PT de Aracaju trabalhará mesmo é para que Emília seja eleita, assim, desequilibra-se o poder de Fábio Mitidieri. Parece um pouco lógico, mesmo que contrariando o discurso da polarização.
PT com Luiz? III
Importante na composição da maioria que hoje Rogério Carvalho tem no partido, a tendência Articulação de Esquerda prega o voto nulo por considerar as duas chapas do segundo turno um retrocesso para a cidade.
PT com Luiz? IV
Eliane Aquino e Márcio Macedo foram os únicos petistas a fazerem discursos positivos em favor de Luiz e a considerar que, seguindo a lógica do partido, Emília representa o bolsonarismo. A campanha de Luiz deverá contar com eles de forma efetiva.
Sheyla vai de Emília
A vereadora não reeleita Sheyla Galba decidiu pelo apoio a Emília Corrêa neste segundo turno. Ela foi candidata pelo União Brasil de Yandra Moura. Como sempre foi crítica da gestão de Edvaldo, Sheyla decidiu por Emília.
Sérgio anuncia secretários
O prefeito eleito de Lagarto anunciou dois nomes que irão compor seu secretariado. A vice Suely Menezes será secretária de Assistência Social e Rafael Monteiro secretário de Esportes. A chegada de Rafael tem simbolismo importante, ele era secretário de Esporte quando o pai era prefeito e foi exonerado com o afastamento definitivo de Valmir Monteiro.
MP-SE e TCE precisam fiscalizar transições
Algumas cidades podem ter transição complicada devido ao clima acirrado e de violência que se estabeleceu nas eleições. Lagarto é uma delas. Se os órgãos de fiscalização não intervirem, não só em Lagarto mas em outros municípios, as novas gestões podem iniciar com dificuldades.
Comitê de Sérgio foi depredado
Na madrugada de sexta-feira, 11, para o sábado, 12, o comitê eleitoral do prefeito eleito Sérgio Reis foi alvo de vandalismo numa ação de depredação. Estouraram portas e quebraram janelas externas e internas. Uma prova de que o clima ainda não arrefeceu.
Bons exemplos
O prefeito de Barra dos Coqueiros, Alberto Macedo, e de Nossa Senhora do Socorro, Padre Inaldo, são bons exemplos a serem seguidos. Já nomearam os membros das gestões que farão parte da comissão de transição e determinaram reserva de espaço físico. Torcer que siga assim, com acesso total e irrestrito às informações.
Enfraquecido
Em Boquim, o governador Fábio celebrou uma grande vitória ao derrotar o candidato apoiado pelo atual prefeito Eraldo. Segundo membros do PSD, essa disputa teria sido evitada se Eraldo tivesse honrado os compromissos estabelecidos com a aliança (Mitidieri e Fonseca), que era o nome Jackson do Mangue Grande. No entanto, o prefeito optou por Juquinha das Plantas e agora amarga a realidade de não conseguir eleger seu sucessor, terminando enfraquecido para o próximo pleito.
Marcos fez história
O prefeito de São Cristóvão, Marcos Santana, fez história. Sua gestão não é absoluta e nem resolveu todos os problemas, mas após a vitória, em 2016, ele acumulou reconhecimentos do eleitorado. Reeleito com votação histórica em 2020, ele fez o sucessor em 2024. Não há precedentes na história da cidade.
Eleições OAB
Prevista para ocorrer em novembro, a eleição da OAB/SE já movimenta a advocacia. Os cenários possíveis apontam para três chapas no pleito. A da situação, que busca a renovação do mandato do presidente Danniel Costa, e duas da oposição, que segue desagregada e sem liderança firme. Entre os opositores, a advogada Ana Lúcia Aguiar, ligada ao ativismo feminino e vinculada ao grupo que comandou a Ordem sob a liderança de Henry Clay. Quem também disputa é a professora Clara Machado, advogada jovem ligada a Fabiano Feitosa, especialista em Direito Eleitoral que pleiteia a vaga de desembargador do TJ/SE destinada ao Quinto Constitucional.
Eleições OAB II
Na última quarta-feira, um vídeo compartilhado por Clara Machado nas redes sociais e na imprensa levantou questionamentos sobre a transparência financeira da OAB/SE. Danniel Costa, em entrevista ao Jornal da Fan, refutou veementemente as alegações, chamando o conteúdo de “irresponsável” e “criminoso”. Ele revelou já ter representado a colega junto à Comissão Eleitoral da OAB/SE, pedindo a remoção imediata do vídeo, alegando tratar-se de “fake news”, e que fará interpelações cíveis e criminais na Justiça contra ela e outros colegas.
Eleições OAB III
A advogada Andréa Leite, ex-secretária-geral-adjunta da Ordem, iria disputar, mas selou uma aliança com o Danniel Costa. Nas redes sociais, ela afirmou que atendeu ao convite do presidente para unirem os projetos e trabalharem em conjunto e com autonomia no fortalecimento e integração ainda mais da advocacia. Trata-se de um apoio importante, já que ela fez parte do grupo liderado por Inácio Krauss, que, segundo informações, agora se mobiliza nos bastidores, com Aurélio Belém, para fortalecer a campanha de Clara Machado. A semana se encerrou com algumas conquistas para Danniel. Nomes experientes na política da Ordem já comentam que se encaminha uma reeleição.
Funcap sob protesto
A classe artística realizou uma manifestação contra a atual gestão da Fundação de Cultura e Arte Aperipê. Eles alegam atrasos no pagamento da Lei Paulo Gustavo. Segundo os artistas, apesar de estarem em fase de pagamento, não há prazo definido. Outra reivindicação é a definição de orçamento para a Cultura, que hoje está na mesma pasta que a Educação. O governo precisa ouvir a classe com atenção, Cultura é um misto de ações e o profissional da arte que está no ‘chão da fábrica’ nunca foi ouvido, é sempre relegado aos investimentos em grandes eventos com artistas de fora.
