Fortes chuvas provocam estragos da Zona Norte à Zona Sul de Aracaju

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Na manhã desta quarta-feira, o Jornal da Fan esteve no Largo da Aparecida, no Conjunto Santa Lúcia, situado no bairro Jabotiana, onde as vias públicas ficaram completamente alagadas, em função das intensas chuvas que assolam a capital sergipana desde a semana passada. O fato é recorrente naquela região, onde o histórico de alagamentos em tempos de chuva é vasto e se arrasta há anos.

A Prefeitura Municipal de Aracaju vem, desde ontem, terça-feira, 23, realizando o trabalho de acolher e assistir às famílias do Largo da Aparecida, localidade mais afetada pela cheia do rio Poxim.

A equipe do Jornal da Fan esteve no local e registrou imagens da situação à qual os moradores da região são obrigados a se sujeitar rotineiramente em tempos de chuva e colheu o depoimento das pessoas que se recusam a deixar as residências para aceitar a ajuda da Prefeitura.

“Estou um pouco aflita, não pelo risco de a água entrar na minha casa, pois moro no andar de cima, mas eles pela queda de energia. Ninguém da Prefeitura me procurou até agora, mas não penso em deixar minha casa, a não ser que falte energia. Moro aqui há 33 anos, é um problema recorrente por aqui”, disse Dayane, moradora da Rua B, que informou que nenhum de seus vizinhos aceitou deixar suas residências em prol do apoio da Prefeitura.

Um jovem que estava indo para a escola também relatou a dificuldade enfrentada por ele: “Estou indo para a escola, mas essa área alagada fica no caminho. Eu preciso dar uma volta imensa para chegar à aula sem me molhar até as canelas”, disse o jovem.

“Eu moro ali, do lado da canal. A minha casa está cheia de água, nas não penso em sair. Isso aí a gente já está acostumado. Alguns móveis eu consegui pendurar em casa, outros, seja o que Deus quiser”, disse outro morador da região alagada.

O alagamento

Foi registrado um volume de chuva de cerca de 93,5 milímetros nas últimas 24h, o que, segundo a Defesa Civil e a Prefeitura, resultou na necessidade de retirar algumas famílias dessa região. Até o momento, segundo informações da Prefeitura, 17 famílias precisaram se abrigar em locais mais seguros, das quais três foram para residência de familiares e 14 foram direcionadas a uma pousada, por meio da Assistência Social de Aracaju. As medidas são temporárias e visam assistir às pessoas até que a situação volte à normalidade.

O diretor de Comunicação da Prefeitura Municipal de Aracaju, Elton Coelho, falou sobre a situação. “O planejamento inicial era a retirada de 34 famílias que seriam diretamente afetadas pelo alagamento, mas houve resistência. A Assistência Social está assistindo às famílias e todos os móveis e pertences pessoais dessas pessoas está sendo devidamente preservado e guarnecido, para que elas os peguem novamente depois e eles não tenham nenhum tipo de prejuízo material”, disse.

Elton Coelho também falou sobre as obras de infraestrutura que precisam ser feitas naquela localidade, para resolver esse problema recorrente. “É um recurso que já estamos buscando através de um empréstimo junto ao Brics, para fazer a dragagem total do rio e realizar a intervenção necessária”, disse.

O secretário da Defesa Social e Cidadania de Aracaju, tenente-coronel Silvio Prado, falou sobre as obras de infraestrutura para resolver o problema da região. “O Rio Poxim tem dois braços de rio, o braço Poxim-Açu, onde há o represamento da água na Barragem Jaime Umbelino, e o braço Poxim-Mirim, que passa por três municípios: São Cristóvão, Itaporanga D’Ajuda e Areia Branca. Toda a drenagem desses três municípios é direcionada para o Poxim-Mirim e entra em Aracaju sem nenhum tipo de barramento, se somando à drenagem da cidade. A soma dessas quatro drenagens faz com que a gente tenha uma vazão aumentada do rio aqui em Aracaju. Quando temos um volume de chuva como esse, de 290 milímetros, em cinco dias, acaba havendo o transbordamento do rio nessa localidade, que é a mais baixa do bairro Jabotiana. Precisamos dragar o Rio e retirar 100 metros do fundo do rio. Esse processo está dentro do planejamento da Prefeitura”, disse o tenente-coronel.

Cratera da Lauro Porto

A equipe do Jornal da Fan também esteve na Avenida Lauro Porto, onde se abriu uma cratera imensa na pista, gerando transtornos para moradores e motoristas. Por conta das incessantes chuvas, o reparo imediato do problema acaba ficando comprometido. A solução encontrada para minimizar a dor de cabeça de quem precisa passar pelo local foi abrir uma vala em um terreno localizado ao lado, para que a água possa correr, o que acabou gerando novos problemas para os moradores do condomínio Vida Nova Sobrado.

“Quando chove forte por muito tempo, a água desce com muita força por essa valeta e quase entra nas nossas casas. Ontem a água passou muito perto de minha casa, chegando quase no portão. Recorremos à Prefeitura de Socorro, mas eles disseram que a responsabilidade é da construtora, que até agora não se manifestou. Enquanto isso, a gente fica sem saber como ficará nossa situação”, diz Telma, temerosa, moradora mais antiga do condomínio.

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